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Mais um caixote para atirar para lá a tralha que anda para aqui perdida.
Queria escrever alguma coisa; há vários assuntos aos quais posso dar cobertura: a decisão dos profs de inglês nas AECs de pararem de trabalhar se não recebessem até hoje, o cancelamento das emissões de um programa de rádio da Antena 1, por coincidência após uma crónica radiofónica sobre Angola;
decidir se continuo a trabalhar ou não, caso os outros profs decidam continuar, as consequências que daí advêm; as más notícias constantes relativas à PÔRRA da crise....
Mas não me apetece. Se eu fosse um cão, a minha cauda andaria entre as pernas ou a arrastar pelo chão. Na rua, sinto-me a caminhar com o ombros caídos. Sinto-me sem esperança.
Sinto que este país está num buraco sem fundo e gostava de saber o que fazer para combater a situação.
Sinto-me num beco sem saída. Lamento, às vezes, ter trazido ao mundo duas crianças, porque não sei o que elas vão ter de enfrentar, mas receio que seja o pior.
Pronto, para deprimir quem me lê já chega.
Tenho a seguinte teoria: os loucos e loucas deste país vêm conduzir para o IC2.
Há os camionistas que se agarram à traseira do carro que está à frente e pressionam para que se aumente a velocidade, mesmo quando o limite é 80 ou menos, há os loucos que ultrapassam em cima de curvas, há os que não passam dos 40kms/h mesmo que se possa andar a 80 e, finalmente, créme de la créme, os idosos que, por andarem tão devagar como uma tartaruga, decidem ir conduzir para a berma, mas com o pisca esquerdo sempre a piscar, como que dizendo "a qualquer altura volto à estrada, só não sei bem quando", pondo em risco pessoas ou ciclistas que, descansados, circulam nas bermas.
Hoje não fui trabalhar. O carro, que já andava a avisar, hoje não pegou. Bateria nova!
As gajas ficaram comigo, o dia todo. Andam as duas adoentadas, com uma tosse chata e a Mr. está a tomar antibiótico para uma suposta amigdalite. O que é certo é que não tem dores de garganta, nem febre e tosse muito, principalmente à noite.
Não domiram a sesta, fartaram-se de fazer disparates e agora à noite estavam as duas com uma telha de se lhe tirar o chapéu. Ainda houve tempo para ouvir um "quero tomar o antióquio".
As aulinhas vão correndo e encontro-me agora num dilema: não quero coletar-me novamente, os meus colegas continuam sem receber, fui contratada pela coordenadora dos agrupamentos escolares onde dou aulas, que entretanto se demitiu do cargo de coordenadora e chego à conclusão de que a empresa para a qual trabalho não sabe da minha existência. Continuo com isto sabendo que não receberei um chavo e entretanto arranjo maneira de contactar com a empresa que fica em Samora Correia ou acabo de vez com isto?
Lista de compras. Não especifiquei que o detergente da roupa era líquido (embora seja apenas o que se usa cá em casa), que o champô não era 2 em 1 (ninguém usa 2 em 1 cá em casa), que a polpa de tomate devia ser em pacotinhos (uma garrafa de 1L estraga-se porque não se consome assim tanto) e que a pescada congelada devia ser para fritar.
Chegou a casa com detergente em pó, champô 2 em 1, um litro de polpa de tomate e pescada para cozer.
Pergunta: é de propósito para não voltar a pedir que vá ele às compras, é estupidez genética ou estupidez de género (masculino)?
Depois do post sobre a desarrumação que vai por esta casa e do comentário trocatintiano, senti-me depré.
Fui ao guarda-vestidos, saquei de um que levei ao casamento do B. e da X. que estão em Espinho, e, aproveitando o facto de estar de saia, vesti-o por cima da camisola interior. Fui para a cozinha e comecei a fazer o jantar.
Senti-me melhor. Trouxe um pouco de glamour à minha vida.
À minha frente um monte de roupa para dobrar e guardar, mais um estendal para apanhar. A mesa onde me encontro cheia de papelada, brinquedos e cds.
No chão ali à frente brinquedos das miúdas, migalhas de bolacha, um par de meias (que raio têm os putos contra andar calçados?) e outro de sapatilhas. O pó espalha-se por todos os móveis. Na cozinha, um jantar para fazer, um chão para lavar, um frigorífico para limpar.
Não me atrevo a continuar. São efeitos secundários de estar a trabalhar, ainda que apenas com um horário de sete horas.
No entanto, para cumprir esse horário tão pequeno e tão pouco lucrativo, estou fora de casa todos os dias das 14.30 às 18.30.
Sinto-me a fazer, outra vez, as coisas pela metade. Para cúmulo, tenho uma cara metade que arranja sempre maneira de se safar de ajudar. Qualquer dia, ou rebento ou.... rebento!
Às vezes esqueço-me de que tenho um pai que estudou e ensinou a nossa língua muitos anos e que esse pai lê este blog. Parece que a palavra terraplanagem não existe! É terraplenagem! Seja, andam a tentar terraplenar o nosso país.
O que Portugal tem de bom.
Depois de um post sobre dar o salto, nada mais irónico do que um post sobre o que pode manter o pessoal cá dentro.
O vinho, maduro claro, que o verde é bom só de vez em quando.
O queijo, da serra, de Azeitão, o amarelo, o de cabra que se faz por todo o país, destacando o de Trás os Montes.
As cidades pequenas, acolhedoras, e onde ainda se pode andar a pé para todo o lado, como Aveiro, por exemplo.
E, após uma pausa de mais de um minuto para pensar em outras coisas, páro por aqui. Não consigo encontrar mais nada.... Mas isto é hoje. Amanhã seria, quero pensar assim, diferente.
A Gr. está a arrumar a gaveta das cuecas da Mr.
Vestiu, entretanto, umas quantas no braço e outras nas pernas. Já arrumou para cá para fora as meias todas. É tão linda, a minha filhota mais nova!
O meu irmão mais novo já foi;
o mais velho está a ponderar seriamente a questão;
a coordenadora com quem estou a trabalhar está a pensar nisso;
a colega que está a dar aulas em Torres Vedras, e tem o marido em Aveiro, está a avaliar a hipótese;
nós já falámos nisso, embora sem ser muito a sério.
E como nós muitas mais pessoas.
Dar o salto para fora deste país.
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