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Mais um caixote para atirar para lá a tralha que anda para aqui perdida.
Até há pouco tempo, não compreedia porque é que as pessoas não descontavam o que deviam para a segurança social,
até há pouco, revoltava-me quando me apresentavam dois orçamentos: um com recibo, mais caro e outro, sem recibo, mais barato,
não entendia que houvesse gente a trabalhar (ilegalmente) e a receber o subsídio de desemprego ao mesmo tempo,
apetecia-me trucidar aqueles que fugiam aos impostos,
e, numa nota mais caseira e prosaica, até há pouco, fazia-me impressão comprar coisas como iogurtes de marca branca (sei lá de onde isto vem!).
Agora, sabendo que o que escrevi é reacionário, sabendo que estamos numa situação de merda porque ninguém paga impostos a não ser o funcionário público e o trabalhador a recibo verde que não consegue fugir, sabendo isto tudo compreendo.
Eu também trabalhei no ano passado à revelia da lei, também não descontei para a SS, compreendi quando me apresentaram dois orçamentos e pasme-se, já compro iogurtes de marca branca. Os do Lidl são bons.
Shiu... as barbies (raios as partam, mais o M. que as comprou na feira da ladra a um euro cada uma!) estão a dormir na sala, debaixo de uma manta.
São as moradoras mais recentes cá de casa, juntamente com duas nancies, que vieram no aniversário da Mr, e que agora já nem roupa têm, coitadas. Por estas e por outras é que sou tão reticente em dar bonecas e brinquedos do género às miúdas. Tanto desejo de as possuir, tanto pedido e agora estão para ali caídas.
O desejo foi concedido porque a miúda entretinha-se muito com as bonecas na casa da vizinha e pensámos que aqui se repetiria o entretenimento. Não, não se repetiu.
Vir aqui agora significa invariavelmente fazer atualizações.
Então, esta semana as aulas começam a valer, para o M. pelo menos. Eu mantenho-me por casa.
As miúdas já há duas semanas que as deixo no infantário. Na primeira semana, umas horitas de manhã, depois mais um bocadinho de tarde e, desde a semana passada, já lá estão desde as 10 da manhã às quatro da tarde.
A Mr. não mudou de sala, mas na prática nem parece estar na mesma. Com o nº de miúdos que saiu da escola agruparam os três, quatro e cinco anos de idade na mesma sala (a da Mr.). É um reboliço! Da idade da Mr. restaram cinco putos, os restantes são os mais novos. Para a Mr., creio que metade do encanto despareceu. Todos os dias diz que não quer ir para a escola, porque há muito barulho e os outros meninos agarram-se aos brinquedos. Eu, que também me adapto mal às mudanças, compreendo-a, mas não posso deixá-la ficar em casa.
A Gr. vai dar-nos muita água pela barba! Anda há duas semanas com uma falta de apetite enorme e grandes diarreias. Já suspeitava de que seria sistema nervoso. Quando hoje de manhã fez, desculpem o termo, três grandes cagadas antes de sairmos de casa, enquanto se queixava de dor de barriga, confirmo que a coitadita anda a passar um mau bocado, uma vez que no fim de semana andou bem.
Já a estou a ver quando entrar para a primária, em dias de testes, em situações novas a bo*****-se toda. Pronto, também sai à mãe.
Olhei para as estantes do escritório que me são dedicadas e para o monte de manuais, para os livros de verdade apertados e mal situados, que davam um mau aspeto à estante. Arrumei os manuais, separando os de português dos de inglês. Já não dou aulas de português desde 2008 (dio mio), decidi guardá-los na cave. Arranjei lugar para os livros de verdade e a estante ficou mais catita
Se as leis de murphy valerem de alguma coisa, na próxima semana serei contactada para trabalhar nalguma coisa que implique a disciplina de português.
Estou à espera que as minhas filhas lavem as dentuças. A Gr. hoje está insuportável, a Mr. aceitável.
No sábado, pelos vistos, há uma manifestação em Leiria, que supostamente fará número com outras a acontecer por todo o país e planeio lá estar, a ver se diminuo esta sensação de asfixia que sinto, esta desesperança.
Parece que o Crato esteve na Benedita... se soubesse tinha lá ido, rever colegas do Externato e cumprimentar a maior desilusão política do século, enquanto min. da educação.
Tenho-me entretido a ver a Gr. brincar sozinha. Dois objetos, como um garfo e uma faca, duas molas, um lápis e uma tampa fazem de bonecos e oiço coisas como: vamos passiá, miga? vamos? chigámos. Ai vamos caiii... ai, vamos papar. Queres ir para o chão? sim, miga? vamos, então anda" e pode estar assim uns valentes dez minutos, o que para uma miúda com dois anos e meio é muito.
É giro e eu fico babada. Gosto de pensar que alguma coisa de bom ando a fazer.
Hoje, pensei em ir ao Pingo doce comprar um peixinho para o almoço (era coisa que fazia com frequência: deixar as miúdas na escola e comprar um peixinho).
Depois, comecei a pensar: "pôrra, ter de ir levantar dinheiro só para comprar dois carapaus, detesto levantar dinheiro!" e não fui.
Fritei uns rissóis de leitão do Lidl.
O Pingo doce pode até estar a contribuir para poupar dinheiro (pois...) a algumas famílias portuguesas. À minha está a contribuir para aumentar os níveis de colesterol.
Ainda se os supostos milhões que vão poupar em comissões bancárias servissem para aumentar salários...
Há uma primeira vez para tudo. Hoje, pela primeira vez na minha, vida levantei dinheiro e fui às compras ao Pingo Doce. Até me tremiam as mãos quando entreguei o dinheiro à menina da caixa.
Olha-me esta gaja, que veio aqui dizer que não lhe apetece queixar-se da vidinha! É preciso ter lata!
Tem marido talentoso em muitos e diversificados aspetos (nem vou enumerá-los), que paga as contas, tem umas filhas saudáveis e giras (devem ser, pelo que a gaja conta), tem casa onde morar, tem carro para passear, tem horta com tomates e espinafres (uma epidemia de espinafres), mora a 20kms da praia mais próxima, está um calor de verão que pode aproveitar para passear (já que está desempregada) e a gaja vem aqui falar mal da vida! Chama-lhe vidinha...
é preciso ter lata!
Este blog está a caminho de uma morte natural: primeiro as férias, agora em casa sem computador, sem ver outros blogs, sem fontes de inspiração, sem motivos para vir aqui a não ser queixar-me da vidinha...
Sem vontade de vir queixar-me da vidinha.
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