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Mais um caixote para atirar para lá a tralha que anda para aqui perdida.
Sinto-me pequenina
em tamanho
e em importância.
Sinto-me um zero
nem à esquerda nem à direita
só um grande redondo zero.
Uns dias antes da operação às amígdalas a Mr. andava inquieta.
Quando conseguimos fazê-la falar, confessou-nos o seu medo.
"vão-me tirar as amídalas, não é?"
"Sim, vão, porque tu ressonas e às vezes páras de respirar, quando dormes."
"Mãe, pai, vai ser com um serrote?"
Ainda há pessoas a tirar cursos via ensino?
A Mr. nestes momentos
"Mãe, o que é o almoço?"
Corrige: "o que é que vocês (e sublinha com a voz o vocês) vão almoçar?"
Invento uma coisa nojenta para uma criança de cinco anos: fígado com cebola.
Fica a olhar para mim com um ar desconsolado: "querias? Comias fígado?"
"Sim...."
Uns calipos depois, voltámos de Lisboa, onde a Mr. foi operada às amigdalas e adenóides.
Escrito assim, parece fácil.
A rapariga deve estar com dores, nem gelados agora quer comer. Desconfio que entretanto o nico de gente que é desaparece.
Procuro receitas de salmão na net. Vejo uma de espetadas, que levam também camarão.
Mr. sugere que faça a receita, argumento que não tenho camarão e que além do mais, camarão é caro
Nova sugestão da Mr. "telefonas ao P. Ele compra e manda pelo correio."
O meu irmão mais velho e tio da Mr. é, portanto, um magnata que pode comprar camarão à vontade.
Confesso, confesso.
Este post serve só para o trocadilho que fiz no título, mas aproveito para deixar registada a evolução da "doença" da Mr.
Às 10 e tal tinha 38, ao meio-dia 38,5 de temperatura, enfiou um ben-u-ron, dormiu e agora está a qui sentada ao meu lado, e eu estou com ganas de a abanar toda, a minha rica filha doente, porque está roer uma bolacha e a fazer um barulho desgraçado com a boca.
Come filha, come.
8 horas da manhã.
Gr. entra no quarto da mãe e do pai, tumba, tumba, sapatos calçados, saia vestida, sem cuecas e sem meias. "mãe, aperta!" (os sapatos).
8.15
Gr. faz birra gigantesca porque mãe lhe quer dar banho e tirar sapatos dos pés.
8.30
Gr. continua birra porque não quer sair do banho
8.35
Gr. continua birra porque decidiu que não quer vestir meias. Mãe faz chantagem: queres calçar os sapatos? Tens de vestir meias. Gr. aceita.
Gr. faz birra porque acha que as meias têm de ser azuis.
Gr. leva palmada no rabo e veste meias que a mãe quer.
8.50
Mr. faz birra porque não quer tomar banho, porque não quer vestir-se, porque tem frio....
Mr. muito aborrecida, sem vontade de fazer nada, deitada na cama da mãe.
10.30
pai telefona e pede à mãe que falte ao barre terre, por favor.
Mãe começa a passar-se! Mãe aceita fazer favor ao pai, relativamente revoltada com pensamentos assassinos e implora que pai explique porque é que tem de faltar ao momento zen da semana, se ainda por cima vai ficar em casa com filha adoentada (Mr. com 37,5 de temperatura).
10.35
Pai diz que arranjou bilhetes para mãe e amiga irem ver Adriana Calcanhoto, porque mãe está a precisar de relaxar. Mãe sem palavras.
Às pessoas limitadas, que não veem nada para além das suas decisões porque não têm capacidade para o fazer, temos de dar um desconto e aceitar, sem criar problemas, sem tentar explicar porque não vão perceber.
Certo?
Ando há vários dias a chorar por um filho que não é meu, apenas por causa da possibilidade de ser um meu um dia.
Ser mãe é das coisas mais fodidas que há, quando se trata destas coisas
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