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Mais um caixote para atirar para lá a tralha que anda para aqui perdida.
Quanto mais me penitencio pela falta de paciência, menos paciência tenho.
Se por um lado ando desejosa que os dias de aulas comecem, por outro sei que me vou arrepender desta ansiedade, de não aproveitar bem esta Mr. sem preocupações com trabalhos de casa, fichas de avaliação, resultados escolares, bullying...
Em modo repeat: um trabalho de que se goste não é tudo na vida.
Em modo repeat: nem toda a gente faz aquilo de que gosta e anda aí na boa.
Em modo repeat: se tiveres mais paciência com as tuas filhas já tens meio trabalho feito.
Estávamos a ver o último capítulo de Avenida Brasil.
Nina, entre musiquinha deprimente, abraça Carminha, sinal inequívoco do perdão de todas as maldades que a mulher lhe fez ao longo dos mil novecentos e dez episódios.
Comentário do M.: "Se isto fosse game of thrones, ela agora sacava do punhal e cortava-lhe o pescoço!"
Passando por vários cartazes, onde os motes são "acreditar" e "fazer melhor", o meu pater familias conclui: "pois, isto é uma terra de crentes e cagões."
Nota: um cagão, no norte, é um gabarola.
Tomei um banho e enfardei uma prato de sopa e outro de tajine com couscous.
A propósito do tema "piropos", esta semana, passava eu num local de obras e fui brindada com um "és tão boa, és tão boa" em jeito cantado.
Não me incomodou. E depois, fiquei preocupada a pensar se seria eu material para violação por não me ter sentido incomodada.
E depois, pus-me a pensar a sério se a discussão lançada pelo Bloco é ou não realmente importante.
E até tenho medo de exprimir o que penso sobre o assunto.
O que é um piropo?
Todos os piropos são ofensivos e um primeiro passo para o assédio sexual? Pessoalmente, inclino-me para responder que não, mas lá está, fico com medo que julguem que sou uma patetinha alegre.
Para mim, a mais valia desta discussão é a discussão em si, o lançar para a praça pública temas que ponham as pessoas a refletir sobre questões que aceitamos como "menores".
A boca que transforma as pessoas que dela são alvo em "carne" deveria ser de alguma forma penalizada.
O problema está em delimitar a fronteira. Quando é que uma boca foleira pode ser vista como assédio?
Quero uma bolacha para fazer cocó. - gr.
Vou ali ao pai secretamente. (a ideia era "discretamente) - mr.
que ela já vai para a primeira classe!
Há alturas do dia, da semana, do mês em que não sei dar a volta, não sei levar as miúdas a fazerem o que quero, o que é preciso, em que não consigo inverter caminho, mudar de estratégia, enfim, levar a água ao meu moinho. E fico cansada, frustrada.
Tenho utilizado o método "keep the fucking calm", aquele de que há uns tempos falei em jeito de brincadeira. Na verdade, é o pontapé de saída para o "berra-me baixo" e até me tenho saído bem.
Mas há dias maus, como o de hoje. Dias em que parece que estou a falar com uma parede, no caso da Mr. e com um disco riscado, no caso da Gr.
Nos dias bons, repito o mantra "keep the fucking calm" umas quatro ou cinco vezes e vou, com voz de passarinho: "então, que se passa? Vá lá, vamos ver o que podemos fazer" (tanto mel na voz) e consigo distraí-las das birras, dos desejos espatafúrdios, das vontades que não dão jeito ou não podem ser satisfeitas. Nesses dias, sou a wonder mom.
Nos outros, sou uma bruxa.
Um destes dias, em casa dos meus pais no norte, fui dar com as duas na casa de banho.
A Mr. tinha ido a correr fazer xixi, já à rasquinha, e a Gr, foi atrás. A Mr. fazia xixi e a Gr. lavava-lhe as cuecas no bidé.
Regressámos à base.
Muita roupa para lavar, arrumar, muita coisa para decidir. Por exemplo: o que faço com tantos tomates? Quem vai ter paciência para arranjar tanto feijão verde?
Muitas coisinhas chatas para fazer, relacionadas com a entrada da Mr. na escola: etiquetar roupa, material escolar (cadernos, mochila, porta lápis, borracha, lápis de carvão, canetas, tooooodos os lápis de cor... devo estar a esquecer-me de muitas coisas! ai o stresse!)
Saber quando começam efetivamente as aulas, levar devagarinho a Gr. a entrar na rotina do infantário.
É incrivel como passamos o ano à espera das férias e depois elas escorrem-nos assim por entre as mãos como areia da praia da Bordeira.
Cá estamos nós outra vez, a preparar tudo para mais um ano letivo.
Não posso queixar-me destas férias. Tiveram de tudo, até praia, ao contrário do que estávamos à espera, cortesia dos primos P. e R.
As miúdas cresceram, domiram bem, aprenderam coisas novas e divertiram-se. Há mais de um mês que não vinham a casa e aproveitaram logo que chegaram para se reaproximarem dos brinquedos, espalhando-os todos no chão.
E já chega. Mais anotações sobre as férias e o que achar pertinente nos próximos dias.
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