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Mais um caixote para atirar para lá a tralha que anda para aqui perdida.
Podia vir para aqui brincar, ironizar, com o facto de termos uma filha mais nova "difícil", que nos deixa estafados e inseguros com a nossa atuação enquanto pais e educadores. Mas não me apetece, fique apenas o registo.
Há tipas e tipos para todos os tipos. Eu, infelizmente não sou tipa do tipo "de correr atrás de", a não ser que a minha sobrevivência esteja ameaçada.
Aceita lá isso pá!
Tu também não és tipo de tipo de "andar aí a correr para perder peso e ficar mais apetecível" e eu aceito.
Aceita-me, pá! Como sou.
À mesa, a Gr. agarrada a uma folha de alface: "não goshto de tomate..."
Mas não estás a comer tomate, isso é alface. Nem sequer há tomate em casa.
"Tens de comprar tomate, para eu não comer."
"Sabes o que é a alface, mãe?" pergunta a Mr.
E nem me dá tempo de responder (ainda estou a pensar no tomate): "é um arbusto!"
Vem ter comigo com as mãos cheias de ganchos. "Mãe, põe."
Ponho um de cada lado. "Faltam estes."
Ponho mais dois de cada lado. "E estes?"
Foram 15 ganchos. Saiu de casa com 15 ganchos no cabelo. Parecia uma árvore de natal.
É a minha filha, dizia eu, às pessoas que a olhavam de lado.
Os arrumadinhos não fazem nada o meu género.
As lógicas neo-liberais metem-me nojo; o argumento de que eu estou a descontar para os parasitas e quando for a minha vez não haverá nada para mim (mais ou menos isto) é de um egoísmo...
Gostava de ter a maturidade suficiente para aceitar a mudança e ver nas alterações das minhas rotinas desafios e obstáculos que sou capaz de ultrapassar.
Mas não consigo. O meu corpo, não só a minha cabeça, revolta-se. E chego ao fim do dia cansada, moída, como se me tivessem obrigado a correr numa maratona na qual não me inscrevi.
Ide e lede:
http://beijosabura.blogspot.pt/2013/10/manisfesto-anti-trabalhos-para-casa.html
(eu gostava de ser capaz de inserir links de outra forma que não esta, feia e bloguisticamente incorreta, de certeza, mas terá de ir assim)
Leio um post sobre uma tal de maratona, que começou em Cascais, sobre chegar a metas, da Gralhadixit e dou por mim a chorar.
E um murro nas trombas para mim, ah?
A perspetiva é tramada.
Vejamos a seguinte parábola:
Ele leva-lhe o pequeno-almoço à cama. Ui que bom!
Ele traz-lhe uma garrafa de gin! (Ah! que homem espetacular), mas mais nada.
Ela agradece o pequeno-almoço, fica muito contente com o gesto, mas resmunga e faz o pequeno reparo que não costuma pôr açucar no leite.
Ela agradece o gin e pergunta se não veio nada para acompanhar, afinal, ela, ao contrário dele, não bebe gin puro.
Ele fica muito aborrecido com a falta de tacto e sensibilidade dela.
Ela fica um pouco aborrecida porque ele, ao fim de uma catrefada de anos, ainda não conhece os seus gostos.
Quem, nesta estória, é o insensível? É uma questão de perspetiva, não?
Não é para admirar que eu ande perturbada: as brincadeiras das minhas filhas incluem sempre uma mãe morta há muitos anos e filhas que se criaram sozinhas com muito sofrimento.
No meu tempo, em que não havia canal panda, eu não "matava" assim a minha mãe por dá cá aquela palha.
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