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Mais um caixote para atirar para lá a tralha que anda para aqui perdida.
Sem acesso à net em casa, aproveito para deixar o blog em pausa.
Regressamos em Janeiro.
Até lá, um bom final de ano.
Obrigada a todos os que fizeram do meu 2014 um ano melhor: pais, marido, filhas, irmão, sobrinhas, amigos e "loucos e loucas" que me lêem e ajudam a fazer deste blog o que ele é.
Nesta casa, há duas histórias por noite, de acordo com o número de filhas. Elas assim o exigem e nós satisfazemos a exigência com muito gosto (AAHHH, está bem! nem sempre!).
Há histórias que agora me fazem impressão, como Hansel e Gretel, a de um ogre que come as filhas por engano e as que metem barrigas abertas e depois cosidas com uma agulha.
Tenho de fazer um esforço por me lembrar que, quando crianças, recebemos as mensagens de outra forma.
Quando criança, não me fazia confusão nenhuma que da barriga do lobo mau saíssem a avózinha e o capuchinho vermelho.
Quando criança, a única história que me fazia confusão era a da princesa e a ervilha!
Não me cabia na cabeça aquela coisa de a princesa não conseguir dormir por ter uma ervilhinha lá no fundo, no último dos dez colchões em cima dos quais dormiu.
A história que mais me assustava era a da cabra cabrês que te salta em cima e te faz em três.
O susto não me impedia de a pedir vezes sem conta à minha mãe.
O meu pai contava histórias a atirar para o surrealista, às quais nós achávamos piada, apesar de ainda não termos idade para apreciar verdadeiramente o estilo nonsense.
Escrevo este post tendo como banda sonora a história que o M. conta, neste momento, às nossas filhas.
estão a ver?
E depois, há os caça erros!
Os meus pais!
Obrigadinha....
A vida tem esta coisa fantástica de nos colocar perante situações daquelas que, de fora, nos fazem saltar de indignação e gritar aos quatro ventos "venham eles, venham, a mim não me apanham, ah não!".
De fora.
Lá dentro, bem no centro da ação, nem todos conseguem. Eu não consegui.
Em sonhos, nestas últimas noites, refiz o meu dia 18. Nos sonhos, sento-me na cadeira, mas levanto-me, rasgo os papéis e saio. Assumo as consequências de não fazer.
Quando acordo, faço por aceitar que não fui capaz de não fazer, por cobardia.
A vida tem destas coisas.
Fui.
Para ver o que acontecia.
Sem saber o que iria fazer.
A dois minutos do início decidi que não entraria na sala. Um antigo colega do M. que estava a acompanhar a namorada, que também ia fazer, puxou-nos para a entrada, colegas do quadro daquela escola incentivaram-nos, "nunca se sabe, vão, vão". Nós fomos, autómatas.
Entrei na sala faltava um minuto para terminar a tolerância de atraso. Sentei-me e perguntei se todos íamos fazer aquela merda. Pediram-me dignidade!
Dignidade a quem trabalha há 12 anos e se vê forçada pelas circunstâncias a fazer uma prova que nada prova.
Fiz a prova, estive dentro daquela sala, vigiada por colegas, e o tempo todo só senti vergonha. Vergonha por mim, por não ser capaz de não a fazer, vergonha pelos colegas na mesma situação, vergonha por aquelas "colegas" que nos vigiavam, como se fôssemos alunos a fazer um exame nacional.
Vergonha!
Os putos terminaram a coreografia de atividade física e desportiva. Aproveitei a boleia e dei indicação de que seria aquele o momento para cantarem a canção que andei na última semana a ensaiar com eles.
Assim que me viram passar a máquina fotográfica (elegeram-me repórter de serviço) e perceberam que iam cantar, começaram os oitenta e tal putos a gritar em uníssono: inglês, inglês, inglês....
Foi bom!
Em greve.
Só me apetece escrever para expor o meu terror perante o que vai acontecer no dia 18.
Como já está tudo farto de me ouvir, não escrevo.
Regresso no pós.
Mas será que sou a única a passar pela puta da prova?
Ele é festa do infantário, ele é festa da escola minha, ele é festa da catequese, ele é festa da escola dela, ele é festa da academia onde faço barre terre...
E, em quase todas, dou o ar da minha graça!
Ele é teatrinhos, músicas, coreografias....
Ele é ensaios para tudo e mais alguma coisa!
E no meio de tanto ensaio, mal olhei para testes psicotécnicos, para me preparar minimamente para a merda da prova de acesso à carreira docente. Estou folixada.
E é isto. Todos os dias!
Tenho de pensar bem nas ilações que posso fazer.
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