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Mais um caixote para atirar para lá a tralha que anda para aqui perdida.
Quando a Mr. nasceu, foi levada para a incubadora. Vi-a pela primeira vez no dia seguinte, peguei nela pela primeira vez nesse dia seguinte, ao final da tarde, se a memória não me engana. Dei-lhe de mamar passados dois dias. Foram dias surreais.
Quando a Gr. nasceu, fiquei uma horita no recobro, à espera que as pernas voltassem a ser minhas. Quando saí do recobro, puseram-na em cima de mim, já lhe tinham dado suplemento (os cabrões) e fui com ela para cima. Estivemos sempre juntas e lembro-me de quase tudo.
À medida que foi crescendo, a Mr. não dava sinais de saber que eu era a "special one". Ficava com toda a gente, sem choros, sem fitas, quando eu regressava vinha para o meu colo como se o meu colo fosse mais um e houve uma fase, após o meu regresso ao trabalho, em que a "special one" era a avó. Foram dias tramados. Aquela caramela, para quem eu devia ser tudo, tratava-me como mais uma.
A Gr. dependia de mim para tudo e agarrava-se ao meu pescoço para que não a levassem do meu colo, na escola ficava o dia inteiro a chorar, primeiro, a choramingar depois, pela mãe.
Sem avaliar o que foi melhor ou pior a médio, longo prazo, para mim ou para elas, ninguém me tira a ideia de que foram aquelas primeiras horas após o parto que fizeram toda a diferença.
Estou sem coisas para escrever, sem coisas para dizer.
O dia está bonito, a casa está suja, eu preciso de um banho porque vim há pouco do treino matinal, a roupa tem de ser dobrada e guardada, o almoço o jantar planeados, há tanta coisa gira para fazer, a Elizabeth Costello já sente a minha falta, o meu quintal está infestado de espinafres e até há cerejas.
Até logo.
.... raios!
"Se toda a gente passa alguma vez na vida, nem toda a gente passa com taça garantida. Isso é um alerta para quem não desperta para a janela aberta que é a transformação.
Estou uma dondoca.
Ginástica de manhã, seguida de café.
Chego à escola não tenho putos.
As miúdas tomam banho sozinhas.
Adormecem sozinhas.
Estou uma dondoca. Só me falta o dinheiro para gastar nas compras.
Desde a semana passada que ficam sozinhas à noite, na cama.
(só agora? que treta de pais!)
Sabe bem vir para a sala e saber que não vou ter de me levantar de cinco em cinco minutos para dar água, acender a luz, dizer que não podem comer bolachas, que já fizeram xixi, que não podem vir para a sala, que têm mesmo de dormir, sabe bem não entrar em coma na cama da Gr. às 22h e ter um serão como gente normal.
Quando me sinto a recolher-me em mim mesma e vou buscar Etty, sei que a TPM está a chegar para me aborrecer.
É tão estranho as hormonas, algo puramente físico, mexer desta forma com a minha psique.
A Etty personifica "A mulher". Tão distante de mim...tão próxima... na busca de fé na possibilidade de viver uma vida plena e inteira.
(Etty Hillesum)
Chiu!
Mas o filho da mãe do joelho falou mais alto.
Os miúdos têm, aos sete, oito anos, o paladar estragado. Dos petiscos que pusemos na mesa comeram as bolachas de chocolate (compradas) e as batatas fritas.
O bolo de chocolate caseiro, os folhadinhos de salsicha, os pães de leite com fiambre ou queijo e, claro, o chá, ficaram na mesa.
O ouvido também: quando o M. pegou na guitarra, pediram para ele tocar a música do "jarrão". Alguém descodificou que era a música do jajão. Sabiam a letra toda e quando acabaram levantaram-se e foram berrar mais um bocado para o terraço.
A Mr. ficou um bocado desconsolada. Sendo uma festa do chá, acho que na ideia dela a coisa seria muito mais blasé, mais calma, disse ela à noite. "Elas não paravam quietas e não se calavam, sempre a correrem de um lado para o outro, acho que elas se divertiram mais do que eu."
"Que bom, linda, isso de elas se divertirem, não era o que tu querias?" disse -lhe eu, mas no fundo compreendo-a. São as putas das expetativas!
Hoje foi o dia em que não havia pastilhas para pôr na máquina da loiça e o dia em que não me apetecia ir ao supermercado alemão.
Vim à net, na esperança de encontrar qualquer coisa que pudesse fazer rapidamente e que não levasse bicabornato de sódio (quase todos os produtos caseiros precisam) e dei com a solução mais rápida, económica e eficaz de sempre (desde que a loiça não tenha muita gordura):
vinagre! Antes de fechar a máquina borrifei a loiça e fiz o programa normal.
Loiça limpa e brilhante num instante (não foi nada que o programa ainda dura umas duas horas).
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