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Mais um caixote para atirar para lá a tralha que anda para aqui perdida.
Mr.
- Então, a tua amiga ggggg esteve mesmo doente, até faltou a um teste. Sabes o que se passou, Mr?
- Acho que teve uma o..., o..., ovidite.
Gr.
- Sabes, mãe, hoje, quando eu andava na rua a pedir o bolinho, desejei que tu tivesses um saco cheio de euros.
Vinha aqui dizer que esta noite ia apanhar uma grande overdose de vinho tinto, mas lembrei-me de que o parvo do M tem curso de fotografia e beber sozinha é uma merda.
Imagine-se que a minha vida profissional é um lago. Nesse lago, fui sempre o equivalente ao peixe mais pequeno, aquele que está no fundinho da cadeia alimentar: estagiária logo no primeiro ano (ainda não estás formada, baixa a bola, não sabes o que andas aqui a fazer, nem vou ouvir o que tens para dizer), professora de cursos profissionais quando eles estavam quase todos confinados a entidades privadas (curso profissional? onde? na escola profissional xxx? o que é isso?), professora das novas oportunidades (ui, o degredo dos degredos, andas aí a dar canudos de graça, não fazes nada e ainda te pagam), professora de Atividades Extracurriculares, paga como técnica e não como docente (você chegou atrasada, ó senhora e não pode tirar fotocópias não, olhe faça uns desenhos no quadro, assim comássim só está aqui até os pais deles chegarem).
Nunca fui professora "a sério", de acordo com os padrões da maior parte das pessoas.
Fiz um curso extra para poder dar aulas como professora a sério aos meninos mais pequeninos, afinal já andava a trabalhar com eles há uns quatro anos, fui metendo na cabeça a ideia de que nunca mais iria dar aulas aos mais velhos, estava à espera que me "chamassem" para esses pequeninos e olha?
Chamam-me para os mais velhos, com quem não trabalho desde o estágio. Estou mais ou menos em pânico, controlado, desde ontem, quando me ligaram da escola.
Fui lá de manhã e ninguém andou à porrada, pelo menos à minha frente. Isso deve ser bom sinal, não?
Ontem, agendei o post e pensei: ehehehe, giro, giro era ser colocada, ehehehe era giro, ehehehe.
Agora, carrego na tecla de maiúsculas e grito: FUI COLOCADA
(não é partida de dia das bruxas)
Em finais de outubro de 2015 ainda estou em casa, sem trabalho remunerado. Não me apetece fuçar no blog, mas tenho a impressão de que nunca estive tanto tempo sem trabalhar. Estou já a entrar naquele modo de desempregada, dona de casa deseperada.
A Mr. está na terceira classe. Muito pouco mudou na sua postura em relação à escola e ao trabalho. Mudámos nós.
Quando a Gr. era bebé não víamos ciúmes, eles foram crescendo à medida que as duas foram crescendo também. Eu tenho mais paciência para a mais nova e passo-me muito mais facilmente com alguns comportamentos da Mr. o que gera grandes atritos. Temos uma relação difícil, eu e a Mr., que tenderá a agravar-se se eu não conseguir dar a volta às minhas posturas.
A Gr. está mais calma. Embora no início do ano letivo tenha resistido muito às idas para a escola, como quando era bebé, agora vai bem e fica bem. Creio que o facto de ver a Mr. ficar na escola todos os dias a fez perceber que também ela tem a escola dela.
Continua a não pronunciar bem as laterais, o que agora já começa a ser preocupante, na medida em que o problema é preguiça de colocar a língua no sítio certo.
O M. vai estando bem, a fazer o luto do avô, que faleceu faz hoje uma semana. É agora órfão de avós, o meu marido.
Estamos, apesar do meu desemprego e dos lutos que a vida nos vai trazendo, bem. Há saúde e capacidade para enfrentar o que nos tem chegado por "correio" e o desejo é que assim se continue.
Agora, para avacalhar isto, porque o tom sério já me está a incomodar, este é o balanço de final de ano que nunca fiz. Estou parva comigo mesma.
Apesar de ter bi-horário, inconscientemente ponho as máquinas a lavar de manhã. Fazem ruído que preenche. Quando elas acabam os seus ciclos de lavagem, nem o galo da quinta vizinha me safa.
À minha frente, um carro moderno, com aqueles autocolantes de criança a bordo, personalizados com os nomes das respetivas. Aquela senhora que conduzia aquele carro é mãe de um Enzo e de uma Ísis.
E eu pensei que deve ser realmente muito mais fácil chamar aqueles filhos para a mesa. Enzoiisis, venham jantar. Ou para arrumar. Isisienzo, arrumem os brinquedos.
Ou quando andam à porrada. Enzoiisis, parem de dar pontapés um ao outro.
A partir de agora vai ser todos os dias isto:
- Não se descalcem.
- Calcem as meias, as meias.
- estás descalça aqui na cozinha? vai-te calçar.
- Calça as meias, pelo menos.
- umas pantufas, enfia umas pantufas nesses pés.
- não, não podes ficar descalça depois do banho.
- calcem-se!
(e as dúvidas que isto me deu, ah? o verbo descalçar?)
... olá, Mano.
Vamos ver durante quantos meses.
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