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Mais um caixote para atirar para lá a tralha que anda para aqui perdida.
Fiquei colocada.
Fiquei colocada!
Fiquei colocada, pá!!
Já posso começar a beber para comemorar a notícia? (para não me afundar no pânico que me assola)
Estamos em casa.
À minha volta vejo sacos e malas. Ouço as miúdas na casa de banho, dentro da banheira, a livrarem-se de sal e areia acumulados durante duas semanas. Tão boas essas semanas. Faço por não deprimir. Tenho a página da DGAE a carregar há uma horita. Tento não deprimir. Trago, para além dos sacos e das malas, uma pele morena e coisas boas para lembrar. O Sudoeste será sempre o meu lugar.
Com o sr. Rui aprendi a dançar samba. Foi ele que me deixou provar whiskey pela primeira vez, um golinho pequenino. Mudei muitas fraldas aos filhos do sr. Rui.
O sr. Rui ficou doente mais ou menos quando eu fiquei grávida da Mr., há mais de nove anos. Enfrentou uma série de cancros, todos eles seguidos e hoje morreu.
Uma semana já foi.
A Mr. fez nove anos, cá em baixo, como vem sendo tradição nos últimos anos.
Falou-se bastante sobre o dia do seu nascimento. Recordaram-se as horas de chegada ao hospital, as horas de espera e de contrações, a hora de entrada no bloco e tudo o que aconteceu depois.
Dos últimos cinco anos, aqui no blog, também se tem falado bastante da Mr. Da forma como tem crescido. Está uma miúda pequena de estatura (continua a mais baixa onde quer que vá, entre miúdos da mesma idade, continuam a pegar nela ao colo), continua uma miúda curiosa e muito atenta a tudo o que se passa à sua volta, muito sensível em relação ao sofrimento alheio e já se revela a entrada na puberdade: argumenta incansavelmente para obter o que deseja, só quer ouvir os grandes sucessos comerciais (não conseguimos ter o rádio na antena 3), fica ligeiramente histérica à volta de pessoas mais ou menos conhecidas, continua a conseguir acalmar a irmã mais nova nos momentos de crise, ao mesmo tempo que a tira do sério (vem com o pacote de ser-se irmã mais velha).
De vez em quando lembra-se de que já vai para a quarta classe (quarto ano, quarto ano!!) (foda-se, digo eu!!) e revela a mesma preocupação que revelava na entrada para o segundo.
Têm sido nove anos cheios de descobertas, dela e nossas porque foi com ela que começámos a aprender a ser pais.
Já aqui falei muito de expetativas, de excesso delas e de ausência. Entre os dois venha o diabo e escolha.
Chegámos ontem a Odeceixe, à "nossa" casa de férias e ando aqui num limbo entre ter e não ter desejos, expetativas de "sopas e descanso", boa cama e boa mesa enquanto sou assolada pela cabra da tpm.
Enchemos os frigorífico de tudo aquilo que será preciso para duas semanas, enquanto corria a manhã. Almoçámos e agora fazem-se horas para ir para a praia.
Bem vindas, férias na praia.
O pai conversou com a Gr. sobre a escola e sobre a possibilidade de a grande amiga não a acompanhar na "aventura".
Perguntou-lhe como é que ela se sentia quando pensava na escola nova. A miúda fechou os olhos e disse que estava a pensar. Abriu-os e disse com muita clareza: "estou curiosa".
Seria bonita, se não fosse triste, esta luz difusa alaranjada que me entra pelos buraquinhos da persiana fechada.
Apanhei a roupa estendida na varanda. Cheirava a fumo e soltou cinza, muita cinza, tanta que precisarei de a lavar novamente.
(porque são vagas estas linhas e porque a minha memória é má: post escrito num momento em que toda a região centro e norte enfrenta incêndios, em que nesta terra onde me encontro é difícil respirar e do céu cai muita cinza. Tanta que o alexandre do fun desistiu de limpar as mesas da esplanada.)
Vou fazer um exame que implica a introdução de um endoscópio no meu corpinho e estou infeliz, acima de tudo porque estou cheia de fome, mas mesmo cheia de fome e não saio de casa desde as três horas, quando comecei a enfardar copos de chá e de água como se não houvesse amanhã. Felizmente, há amanhã e felizmente, depois de ser analisada por um endoscópio vou poder comer. Já beber...
Ontem, ainda me permitiram comer pão e carnes brancas. Fomos passear a Penha Garcia, tomámos um banho na praia fluvial do Pego e almoçámos num restaurante chamado o Javali. As miúdas e o M. comeram javali e secretos de porco e eu... salmão grelhado, seco e sem sal. Mas algo me dizia que ainda ia babar só de pensar nele. É, estou neste momento a babar por ele. Desde ontem que não como. Se engolisse um peixe vivo, o gajo podia viver na minha barriga, tal é a quantidade de água que já ingeri.
E estar sempre a correr para a sanita, de cinco em cinco minutos?
E fome? já disse que tenho fome?
Dentro de mim, só para dentro, vou cantando "desconsolada, desconsolada, estou assim por não poder comer nada, desconsolada..." com a música da Ágata...
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