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Mais um caixote para atirar para lá a tralha que anda para aqui perdida.
Está aqui, ao meu lado, a estudar a forma como se faz o feminino dos nomes terminados em -ão.
E eu só consigo pensar naquela palavra terminada em -ona. Rio-me sozinha. De que te estás a rir, mãe?
De nada, miúda, de nada.
Cento e tal euros depois, "descobrimos" por um "técnico de saúde da mente" que tens dificuldades na matemática, mas és um pequeno "génio" na forma como dominas a arte de comunicar.
Tens vindo muitas noites para a nossa cama.
A desculpa é que o nosso colchão é mais confortável, mas tu sabes que não, é um colchão velho a pedir reforma.
Na escola, porque este ano não há provas finais, trazes menos trabalhos para casa, que bom! mas é difícil por-te a estudar, porque sabes, com a quantidade de merdas (desculpa, coisas) que tens de saber, precisas efetivamente de estudar.
Sabes, educar é tão desafiante!
Há tardes e noites difíceis, contigo agarrada às minhas pernas ou às minhas camisolas.
Há tardes em que não consigo entender-te nem, por isso, acalmar-te. Não te entendo nas tuas frustrações, não te entendo na tua incapacidade de esperar pelas coisas, não te entendo nas tuas obsessões, não te entendo.
As semanas passam, a escola corre bem, mas lá no fundinho de ti há qualquer coisa importante que me anda a escapar.
Fiquei colocada fui dizendo às pessoas e as pessoas diziam logo que fixe e logo a seguir é completo e eu respondia não, são dez horas e as pessoas faziam um ar pesaroso e diziam pode ser que te completem como se me quisessem dar ânimo e eu fazia cara de susto e nas primeiras vezes respondia à letra sim, pode ser mas depois deixei de o fazer e assumia que não, estava muito bem assim e as pessoas olhavam para mim como se eu fosse doida ou uma grande preguiçosa que quer viver à custa do marido. lendo este relambório descentuado até parece.
Eu não sou doida e não sou preguiçosa, gosto de trabalhar, mas também gosto de não sentir que estou a viver para trabalhar, que seria o que sentiria se desse aulas em horário completo.
Eu gosto de ter tempo para ir buscar as miúdas e sentir que se não corrijo aquelas coisas agora posso corrigir depois porque posso, tenho tempo.
Eu gosto de estar em casa e fazer tudo o que há para fazer com calma ainda que nem sempre faça coisas de jeito.
Eu gosto de manter a minha sanidade mental e sei que tal não sucederia se trabalhasse em horário completo.
Eu sei que monetariamente falando estou um bocado aquém dos outros, mas estou muito mais feliz e não me fazem falta os últimos modelos da moda. (só um bocadinho, pequenino, que viver na batalha é duro)
Não sei se vou buscar a roupa de inverno, se a deixo quietinha.
Não sei se compro castanhas.
Não sei se me levanto e vou fazer café (o terceiro de hoje).
É um café, se faz favor. Estou na sala de profs/apoio. Obrigada.
A entrada na sala é uma confusão, há os que se sentam e depois lembram-se de que não foram à casa de banho, há os "chefes" de serviço a distribuir materiais, os mais irrequietos que ainda não se sentaram, os que chegam atrasados e despistados...
Hoje, depois de uns bons minutos a deixá-los acalmar, peço-lhes calma:
- já chega de barulho, meus amores, já chega. Vamos acalmar.
Diz uma vozinha lá do meio: - "Está bem, querida!" Sem pontinha de ironia, sem pontinha de malícia.
a mãe perdeu uma perna
a mãe não pode existir
E atira com o restos mortais do que seria a mãe para debaixo da mesa.
já arranjei a mãe
é muito pequenina, tem de ser outra
vou fazer o avô
agora procura aí para fazermos a avó
o tio não vem, já tinha morrido numa explosão
E o chão da sala refém de pinipons.
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