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Mais um caixote para atirar para lá a tralha que anda para aqui perdida.
Estamos em fevereiro e jantei na rua.
E estou no Funchal.
Vestido: figurinos do grupo de teatro, kitado pela d. Elsa
Peruca: emprestada pela Titi, há séculos
Sapatos: dysfunctional by Eureka
Leque: alguém mo meteu na mão
Máscara: diretamente de Veneza, emprestada pela Rita
Tropecei mil vezes na cauda do vestido, abri e fechei o leque em espasmos sensuais outras mil, disse disparates e ri-me muito, sem ter bebido uma pinga de alcool (tá bem! tá bem! bebi uma imperial depois do jantar, uma!)
Às vezes, ela chama-me mummite e eu pergunto-lhe: que é, filhite? Ainda é cedo para começar a beber, não é? Ontem, Coimbra foi giro, excetuando as estudantes de medicina um bocadinho snobes. Hoje, já tive carnaval. Amanhã, há mais, no Funchal, em a gente chegando lá vivos. Vai chover e as temperaturas vão atingir máximas de 16 graus. A loucura!
Arre, cidade complicada. E eu? Que troco a esquerda com a direita? As voltas que dei!!
ontem, preocupaste-te com ontem, a visita de estudo das miúdas, a entrega dos testes, etc.
Hoje, preocupas-te com hoje: preparar tudo para ir para Coimbra, ir para Coimbra, fazer parte da animação do congresso, etc.
Amanhã, preocupas-te com o amanhã e nem vais enumerar o que há para fazer amanhã. Pensas nisso amanhã.
No sábado, preocupas-te com sábado.
Cresci com Zeca Afonso. O Zeca Afonso rodava lá em casa, no gira-discos. O Zeca rodava em casstes gastas no carro. Nas voltas de domingo à tarde, nas manhãs de cada 25 de Abril (assim, com maiúscula).
Não gosto quando aqueles blogs que leio há anos, ainda que tenham deixado de escrever de forma assídua há anos, desaparecem.
Fico sempre com uma sensação pequenina de orfandade.
Esqueço-me muitas vezes de que este antro não é apenas um depositório de estupidez, é também um registo de coisas que quero não esquecer.
Coisas que quero não esquecer de hoje:
"esta professora faz milagres." Não faço, sei que não faço, tenho plena consciência das minhas falhas enquanto professora, sendo a maior delas todas a preguiça, mas, mesmo vindo de um miúdo imberbe e inocente, ignorante das coisas do mundo, encheu-me o ego.
O Hudson chora, chora baba e ranho depois de lhe entregar o teste, cotado como Muito Bom. O Hudson chora e eu fico a olhar para ele "queres ver que me enganei e escrevi insuficiente?"
Hudson, o que está escrito no teu teste?"
"Muito bom, teacher."
"Por que carga de água estás tu a chorar, homem?"
Chora, chora, chora, o nariz destila ranhoca verde. "O meu pai disse-me que se eu tirasse insuficientes eu ia trabalhar para as obras." (miúdo do 3º ano)
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