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Mais um caixote para atirar para lá a tralha que anda para aqui perdida.
A Gr. tem aquilo que chamo a palavra da semana. Normalmente, é uma palavra inventada, composta pela justaposição de duas palavras ou pela inversão de uma.
Aqui há uns tempos não se cansava de repetir "espirote" e na semana passada o que mais ouvíamos era "piroca, piroca". Mais uma vez, acredito que haja aqui um daquele processos a que ela recorre para inventar a sua linguagem. Ela não tem acesso a palavrões, nunca aqui em casa se usou o conceito de piroca para nada, o máximo que ela ouve de asneiras (palavras feias) é merda, dito por mim quando me chateio e pela avó dade ("alguém limpe a merda da gata, se faz favor").
De cada vez que lhe saía, eu e o M., se estávamos presentes, encolhíamo-nos de riso, mas nunca dissemos nada. Ela não fazia ideia e não nos fazia sentido esclarecê-la.
No entanto, eu temia o dia em que alguém lhe diria que ela andava a dizer palavrões.
Só nunca imaginei que esse esclarecimento viesse de uma colega da turma.
Por que carga de água é que uma criança de seis, sete anos sabe que piroca é asneira feia? Que conversas ouviu?
Na semana passada, estive com a menina. Saí da escola em passo de corrida (a acelerar pelo ic9) e encontrámo-nos na vila. Tomámos um café, conversámos um bocado, como se nos conhecêssemos de fora, pessoalmente. Dizer isto assim acho que já diz muito. Cena engraçada, esta da blogolândia.
Descobri o soporífero mais rápido e eficiente: ouvir a leitura silabada e lenta de uma miúda que aprendeu recentemente a ler.
Passámos o fim de semana em Belmonte, com a tia Ci e a R. Continuo a sentir borboletinhas na barriga quando ouço um "tia" saído da boca dela.
Caloraça! Estamos a fazer figas para que venham cá elas no próximo fim de semana.
Vieram "partilhar" connosco os pequenos dramas vividos com o outro colega.
Mentalmente chamo-lhes muitos nomes feios e, ao mesmo tempo, interrogo-me se as "minhas" titulares não estarão, também elas, a fazer "queixinhas" de mim a outro colega qualquer.
Mentalmente (não tenho tomates para o verbalizar), digo-lhes que seria bem melhor dirigirem as queixinhas a quem de direito e, em conjunto com todos os interessados na questão, tentar resolver os pequenos dramas.
Para mim, o grande drama é a ideia de titularidade da qual as "colegas" não se desviam. Titulares até à morte. O resto é erva que o gado come.
No kit do manual de matemática vinha dinheiro falso para os miúdos aprenderem a fazer contas com euros e cêntimos.
A miúda andava um bocadinho aflita com as contagens (ainda há poucas semanas entraram na centena, e já é suposto saberem fazer contagens com cêntimos até ao 100... enfim... mais uma patetice entre muitas outras). Estivemos a treinar e depois reunimos o dinheiro todo, notas e moedas de fazer de conta, e meti tudo dentro de um envelope que improvisei com uma folha A4 usada.
Por fora escrevi "fake money/ Gr." e guardei-o na mochila dela.
No dia seguinte, ouço-as às duas na converseta. De repente, a Gr. dá um gritinho e diz "Mr! está um papel dentro da minha mochila que tem uma palavra feia e o meu nome, mas não é meu!"
A mais velha investiga e explica-lhe o que está escrito no papel.
Moral da história: ambas as minhas filhas conhecem a palavra "fuck".
É um bocado disto que me vem consumindo
http://www.glamour.com/story/depression-desire-to-disappear-essay
Não sei porque me consumo assim, mas estou cansada de me consumir assim, com tudo e com nada, e de nada fazer para acabar com a consumição que me consome.
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