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Mais um caixote para atirar para lá a tralha que anda para aqui perdida.
Uma chávena de café não afoga o frio, não aquece os pés, em dias assim gelados nem o sol que entra pela janela aquece.
Vejo-me a repetir os mesmos gestos, dia após dia, ano após ano, em casa, vejo-me a repetir os mesmos pensamentos.
Um vinil riscado, a agulha salta e pousa no mesmo sítio.
Há um monte de cuecas que, não tendo nascido para fio dental, se comportam como tal.
(e, sem querer, este foi o momento poético do dia)
Tinha o meu gato Preto morrido há algum tempo, em circunstâncias que me são muito dolorosas de lembrar, quando a senhora que fazia limpezas lá em casa chegou um dia com a notícia de que um gatinho bebé tinha sido abandonado na varanda de uma vizinha, umas casas acima.
Curiosa, fui ver. Era uma gatinha preta, esguia e cheia de fome e frio. Peguei nela, sem pensar muito (típico em mim) e levei-a para casa. Não sabia muito bem o que ia fazer com a bicha, mas não queria deixá-la naquela varanda. A tal vizinha, dona da varanda não iria mexer uma palha ou talvez fosse levá-la a outra varanda qualquer da vizinhança e a gatinha acabou por ficar lá por casa.
Chamei-lhe pata, porque era essa a alcunha da vizinha. A pata cresceu, entre casa e a rua, foi esterelizada antes do 1º cio e por lá esteve. Uns meses depois de a "adotar", engravidei da Mr. A pata deitava-se em cima da minha barriga e dava-lhe lambidelas, vinha esperar-me à porta de casa, a minha mãe já sabia que eu estava a chegar, e vinha atrás de mim, pedindo mimo.
Quando a Mr. nasceu, afoguei-me num misto de paixão pela bebé e de um baby blues que me fizeram negligenciar a gata. Em resposta, a pata começou a fazer xixi em cima de tudo o que cheirasse à Mr.
Um ano depois, vim morar para esta casa, pertinho o IC2 e dado o estado de ciumeira doida da pata, decidi deixá-la com os meus pais.
Entre Belmonte e Baltar, a pata foi vivendo. Ainda vive, calma, este texto não é o anúncio da sua morte. Acontece que, com a mudança da casa, os meus pais "devolveram" a gata à dona. E, agora, contrariamente àquilo que sempre anunciei (NÃO QUERO ANIMAIS EM CASA, NÃO QUERO), somos donos de um gato.
A pata está à minha espera quando chego a casa, sente uma mistura de ódio/amor pelas miúdas e pelo M., pede-me para ir para a cama e que lhe abra a torneira do bidé para beber água.
Todos os dias tenho de aspirar a casa e mudar-lhe a areia, mas é muito agradável ouvir-lhe o ronronar assim que a chamo "paataaa"...
e ir para a cama com dor de barriga e lágrimas nos olhos de tanto rir.
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