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Mais um caixote para atirar para lá a tralha que anda para aqui perdida.
Ela disse que eu sou um rebuçado (doce) e uma flor (bem cheirosa).
É um génio precoce no que diz respeito às metáforas.
Gostaram? Do verão? Aproveitaram? Usaram as t-shirts a que tinham direito, as sandalocas e sandalinhas?
É que já chegou o outono!
Quando era miúda, em Belmonte, acordávamos ao som da Grandôla, o meu pai punha uma colcha vermelha na varanda...
Hoje fiz panquecas, tomei o pequeno-almoço e café ao som do mesmo. Liguei para casa, mas os meus pais não estavam.
Depois, obriguei as miúdas a fazer os trabalhos de casa.
Não sei muito bem onde vou com isto. Não consigo fazer mais paralelismos.
Ontem, a mais nova veio com um cravo para casa, contou-me a sua versão do que foi o dia 25 de abril dizendo coisas como fizeram ditaduras.
Ando desde ontem a cantar isto:
"bem vindo ao mundo encantado dos reis, princesas, ladrões,
heróis de banda desenhada, purpurinas e muito muito mais" - nesta casa, as purpurinas nascem do chão.
A roupa vem com purpurina das lojas
os brinquedos têm purpurinas
elas fazem desenhos e usam purpurinas
o calçado tem purpurinas
as nossas caras têm purpurinas
e depois eu podia cantar - "está purpurinada, está toda purpurinada" ao som da música da Ana Malhoa (nem te atrevas!)
Há roupa no chão: meias perdidas, uma t-shirt, aquela mantinha que estava a tapar a mulher maravilha que já não tem a roupa original, mas um vestido cheio de purpurinas (o que te fizeram, mulher maravilha!) e eu podia cantar - primark on the floor (gostava mais de poder respeitar o original e cantar Versace on the floor).
(post inspirado na m-M, que faz posts de coisas boas à sexta, mas eu quero é coisas boas ao domingo, que aniquilem a nostalgia e dor dos domingos à noite)
os episódios novos de Will and Grace
Agora, as miúdas chamam-me cabidela. Fixe, não? Partilhamos cenas do nosso passado como forma de passarmos uma qualquer lição de vida importante e as gajas pimba! Mandam-nas com elas para cima. Que é que hei-de fazer se não rir-me?
Começou quando regressávamos de Lisboa, aquando da minha consulta de ombro na Cuf, só os dois.
Cada um escolheu uma marca de camião, se passar a minha marca posso dar-te uma cacetada, se passar da tua, dás-me tu. Podia ter-nos dado para pior. Não é todos os dias que podemos bater no parceiro e não sermos acusados de vioolência doméstica.
Nessa noite eu fui scania e ele volvo. Ele bateu mais do que levou e agora, em viagens mais ou menos compridas, é o nosso jogo.
Que parvoíce! que grande parvoíce! Só que as parvoíces às vezes fazem-nos chegar a conclusões (igualmente parvas ou que não interessam a ninguém) engraçadas:
1º se pudermos bater no parceiro, só usamos um bocadinho de força se estivermos zangados por algum motivo e vai de aproveitar para descontar, mas não ousamos magoá-lo a sério. Não fomos feitos para isto de andar a espancar parceiros.
2º não havendo razões de queixa latentes, damos uma sacudidela no parceiro e até temos pena.
3º em determinadas zonas do país há mais volvos, noutras mais scanias, noutras mais renaults ou mercedes (eu avisei que as conclusões eram parvas)..
Diz que é médio, mas estou quase a falecer.
O puto gritou qualquer coisa que eu não ouvi e ela mandou-o lixar.
- Mr! que foi, porque mandaste o miúdo lixar-se?
E depois ouvi: Mr! és não sei quê, não sei quê e ninguém gosta de ti" e ela mandou-o lixar-se outra vez. A minha vontade foi sair do carro e pregar dois tabefes àquele puto, mas deixei-me ficar.
Dei-lhe "autorização" (porquê as aspas? porque ela me perguntou se podia e eu disse que sim) à miúda para fazer piretes àquele puto ranhoso que está sempre a chateá-la.
"podes, mas tens de garantir que não há nenhum adulto a ver."
Depois disse-lhe que o melhor mesmo era pura e simplesmente ignorar e partilhei com ela aquela cena de os rapazes da minha turma do 5º ano me chamarem arroz de cabidela, porque rimava com Gabriela. Durou uns dois ou três dias, porque eu ouvia-os gritar "cabideeeelaaaa", "cabiiiideeelaaaaa", mas fazia de conta que não, seguia o meu caminho (lixada por dentro, mas fazendo de conta que tô nem aí, tô nem aí, ainda esta música não tinha aparecido, só uns bons anos depois, que não sou assim tão idosa).
Ensinar aos miúdos que se devem defender, e que essa defesa pode passar apenas pelo desprezo, não é errado, pois não?
Faz hoje anos que estamos juntos, mas não vou fazer nenhuma declaração de amor aqui por escrito.
Não vou falar do quanto te amo porque todos os dias te mostro: quando me levanto e vou eu tratar do que tem de ser tratado, para tu dormires mais um bocado,
quando faço compras para as nossas refeições,
quando cozinho devagar e a pensar naquilo de que vocês mais gostam (há anos que não faço um arroz malandrinho),
quando me junto a ti na cama, depois de ir levar as miúdas à escola,
quando vou contigo a armazéns de segunda mão,
quando te levo snacks ao escritório,
quando te vou dar um beijinho,
quando te passo a mão no cabelo rapadinho,
quando te penteio as sobrancelhas,
quando te dou a mão na rua,
quando não me importo de tomar café cheio por causa daquele problema que nós sabemos de tu pedires sempre café curto (embora proteste),
quando te peço para comeres devagarinho,
quando obrigo a sair da cama mais cedo para aproveitares o dia,
quando te acordo das sestas (aí é porque também me amo e não quero aturar as tuas neuras de bebé dorminhoco que não dormiu o suficiente),
quando me deixo ficar em vez de ir para a cama,
quando....
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