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Mais um caixote para atirar para lá a tralha que anda para aqui perdida.
sentas-te e pensas: quero isto assim ou mereço mais?
A resposta parece óbvia, mas, às vezes, as circunstâncias em que te vês envolvida cloudem ( de cloud , porque não me lembro do equivalente na minha língua mãe) o pensamento.
Ela tem uma borbulinha no nariz, mais umas quantas, pequeninas, espalhadas pela cara.
"Estou a ficar adolescente, mãe?"
"Acho que sim."
"Mãe, tu salva-me...."
Aqueles dias em que a roupa seca em meia-hora.
Aqueles dias em que cerramos os olhos para não cegar com a luz do sol.
Aqueles dias em que escorre-nos suor pelas costas.
Aqueles dias em que queremos um banho frio.
Aqueles dias em que bebemos água e mais água sem forçar.
Aqueles dias em que o alcatrão derrete.
Aqueles em que temos alucinações a olhar para a estrada.
Quero dias assim.
Havendo uma balança para pesar silêncio, tenho para mim que o dos dias de chuva mansinha seria mais pesado do que os de dias de sol. Mas isto sou eu, que tenho o silêncio à minha espera, em dias mais sim do que não.
Isto sou eu, que tenho mais dias não que dias sim.
Isto sou eu.
Ontem de manhã demos a volta ao circuito de manutenção à frente da tua escola. O sol a bater-nos na cara, os braços a pedirem para tirarmos o casaco que levávamos.
Hoje corremos para a entrada, que a chuva já não dava tréguas.
Ensinei os meus meninos a dizer "crazy!", quando lhes pergunto "How's the weather?". Hoje é isso que me vão responder, pois se ainda ontem andávamos de braços e pernas ao léu!
Para impedir as pessoas, especialmente as de genero masculino, de levarem telemóvel para a casa de banho. Já! Petição!
Muitas vezes vou reler o que escrevi há anos neste blog, como se fizesse viagens no tempo. Rio-me com muitas coisas e volto a ficar triste com outras como estava triste quando as escrevi, chamo-me maluquinha por ter sentido aquilo ou por me ter enervado tanto com aquela outra coisa...
Tenho textos giros, bem escritos, ainda que em cima do joelho, sem polimento, como o meu pai gosta, mas que se há-de fazer? escrevo assim, de rajada, mas até me sai bem.
Ainda bem que tenho isto vai para sete anos, ainda que nunca tenha passado das vinte visitas diárias, dez das quais são minhas.
Ainda bem que posso voltar aqui e ler o que me aconteceu nestes últimos anos. Viva o caixote e viva eu (hei, se eu não gostar de mim quem gostará?)
De miami passei a mi, só mi.
Miiiii! Chama ela. Demorei um bocado a perceber que era a mim que chamava.
Deve ser isto o downsizing.
Não sei como cheguei dos quarenta aos quarenta e um tão depressa. Para onde foi este ano?
Talvez a escolha de vinho não tenha sido assim tão aleatória, já venho dizendo de há uns tempos para cá que o mais falta me faz é sossego. Que venha ele.
Nos últimos tempos olho-me ao espelho e só vejo as rugas que me enfeitam os olhos.
O cabelo vai ficando mais grisalho.
Vou ao supermercado com o meu pai e um senhor pergunta: é a sua esposa?
O meu pai acha piada. Eu fico sem reação. Que bom que o meu pai tem um ar fresco e jovem.
Que merda que eu passo por esposa de um senhor de setenta anos.
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