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Mais um caixote para atirar para lá a tralha que anda para aqui perdida.
Aguenta aí um bocado.
Fui só eu que dei um salto na cadeira quando pequenos morcegos desataram a voar pelo ecrã?
O que há para adorar nesta estação, tirando as castanhas?
Nada! Nada!
Acho que tínhamos de viver lá, naquela realidade, lá, para percebermos porque é que mais de metade da população votou num indivíduo que representa e afirma à boca cheia tudo aquilo que há de mais desprezível no ser humano.
Provavelmente é isso, teríamos de lá estar... e lá viver...
Ou já ter lá estado e vivido e nascido, pois se até quem está cá, em Portugal, votou nele...
ela - "Vocês não choram com a músicas do ed sheeran?"
eu - "não...."
ela - "nós choramos, fazem-nos lembrar coisas tristes e a morte da minha bisavó."
eu - "......."
ela - "eu cheguei lá, ela disse-me olá e morreu."
eu- "podia ter-te dito adeus." Disse eu...
podia ter pensado só, só pensado
mas eu disse mesmo podia ter-te dito adeus
que é o D. Duarte que efetivamente vai ao Portugalex.
No canal 2, domingo à noite. Tão bom! Vejam. Os primeiros quatro episódios estão na rtp play.
O argumento é delicioso. A realização excelente, a imagem do melhor. E é tão boa para soltarmos os demónios.
A vida dá-nos estaladas.
A mim, deu uma bem grande aqui há uns catorze anos. Andei uns tempos abananada... pensava que nunca mais nada ia ser o mesmo, mas o que é certo é que o tempo acabou por voltar a pôr as coisas no sítio. Quando dei por mim, estava tudo igual, estando tudo diferente, se é que isto faz sentido.
Continuei a acordar todos os dias, e a fazer tudo aquilo que fazia antes, uns dias melhor, outros pior, uns dias com grande sofrimento, outros mais leves, mas o mundo não parou e eu não parei também.
A vida vai dar-me mais estaladas, eu sei, estou a contar com elas e, mesmo assim, sei que vão doer como a merda, mas tenho a esperança de que, tal como há catorze anos, vou ser capaz de me levantar e fazer o que tem de ser feito, uns dias com mais dor, outros com menos.
E, no meu caso, tenho sérias dúvidas de que estas estaladas me transformem numa pessoa diferente. Será mau?
Dói-me o cotovelo. A sério, dor real, não daquelas dores fruto de andar pelos instagrams de malta que anda em luas de mel ou a comer comida que custa o meu salário.
Dói-me a sério porque há pouco, enquanto vestia o casaco, mandei uma cotovelada valente na ombreira da porta.
Depois, enquanto metia o porta moedas na carteira, mandei com a mão, com os dedinhos todos, noutra ombreira.
Ainda há cinco minutos, estando de vigia à chegada da carrinha dos CTT expresso, abri uma nesga da porta da varanda e meti lá a cabeça. Só que a nesga era pequena de mais e mandei com os óculos no vidro. Agora, estes óculos, que são relativamente novos, já estão tortos, porque esta não foi a primeira traulitada que dei com eles.
Aqui há uns dias, fechei a porta do jipe, mas esqueci-me de tirar a cabeça do meio, portanto, mandei com a porta a mim mesma.
Uns dias antes, fechei a porta do armário das chávenas, mas também me esqueci de afastar a cabeça, a porta fechou-se levando consigo umas quantas células e tecido da pele da minha cara.
Terei algum tumor cerebral ou a idade dá para estas merdas?
Com cinco seis anos eu ia à mercearia uns metros abaixo de casa, murmurando a lista de compras, invariavelmente pequenina:
"seis papo secos, seis papo secos, seis papo secos...."
Brincávamos, em magotes, ou sozinhos, ao longo da vila. Com frequência, eu descia até lá abaixo, pertinho do campo de futebol e ia brincar com a margarida maria alacoque, que é a santa que deus nos envia para dar o sinal dar o toque, margarida maria alacoque. A margarida, ou guida para os amigos e família, odiava esta lengalenga que o meu pai fazia questão de dizer de todas as vezes que a via, mas tal não a impedia de brincar comigo. Às tantas de noite, quando achava que seria hora de jantar, porque também em casa da guida se punha a mesa, lá voltava eu para casa.
Brincava com o meno, no bairro, perto da casa do carrola, brincava na encosta do castelo, muitas vezes sozinha.
Ia para escola e voltava, sempre sozinha ou com o bruno, o meu amigo inseparável, que no fim da primeira classe se mudou porque o pai era bancário e foi ser gerente noutro sítio.
Ia à catequese sozinha e voltava sozinha.
Em baltar assim continuou. Íamos e vinhamos, sozinhos, das brincadeiras, das tarefas diárias...
Hoje, não deixo as minhas flhas irem a lado nenhum.
Mas a coisa vai mudar. Já é tempo! De pequenino se torce o pepino.
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