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Mais um caixote para atirar para lá a tralha que anda para aqui perdida.
Tudo a postos.
Andar o dia todo mais ou menos desconfortável, com as calças da moda e dois pares de meias calçadas que teimam em enrolar-se pela canela,
com aquelas cuecas mágicas que vão diretamente para o lixo assim que as tiras,
chegar a casa e tirar calças, meias,
enfiar uma calças polares e meias a condizer,
ah! os pequenos prazeres da vida!
Ainda não eram onze da noite quando dei por mim esparramada no sofá, num momento de pré sono do qual não sou comprovadamente adepta, por isso resolvi pôr o corpo na cama.
Antes das nove da manhã já estava sem sono, a rebolar no colchão.
Tinha expressado junto de um certo marido a minha vontade de comer regueifa ao pequeno-almoço e o marido tinha acenado que sim, sim, eu comeria a minha regueifa, mas o certo marido dormia ali, ao meu lado, um sono do qual não tive coragem de o tirar.
Levantei-me e às escuras fui tateando em busca de roupa. Com receio fundado de ter vestido uma meia de cada cor e cuecas dele em vez de minhas, saí de fininho. Aparentemente, estava tudo bem.
Dirigi-me à padaria flora, já a aviar regueifas a cem à hora e vim para casa com as minhas. Saídas há pouco do forno, exalavam um cheirinho delicioso. Ainda comprei o jornal do paterfamilias e só depois vim para casa. Sentei-me à mesa e por respeito a quem vinha a seguir, usei a faca. A minha vontade era arrancar dois nacos e barrá-los com manteiga. Assim, papei duas fatias, acompanhadas por uma chávena de leite fumegante. Ah! regueifa! Quentinha, estaladiça, a pingar...vivam os pequenos prazeres da vida!
para depois ouvir cenas.
- Estás a pentear-te mal.
- Não, não estou.
- Não sei para que é que te penteias. Ficas na mesma descabelada.
Não é giro ela usar a palavra "descabelada"?
Gr. doente em casa. Por volta das seis da tarde pergunto-lhe se quer comer alguma coisa. Anda sem apetite, tadita.
Responde-me que quer canja!
Canja?! está bem, eu faço canja. É preciso aproveitar a onda de apetite, ainda que de canja às seis da tarde.
Entretanto, a irmã chega e prepara o seu lanche.
A gr. entretida a comer a canja que ficou pronta, não lhe liga puto. Mas, de repente: mãe, porque é que a mr. está a comer torradas? é este o jantar dela?
Não, este é o lanche dela. É hora de lanchar, não de jantar!
Então porque é que me deste canja?
Porque há coisas más a acontecer,
porque ele agora é aprendiz de mestre e não tem tempo para se coçar,
porque temos pouco tempo,
porque não temos cabeça,
este ano, o calendário tem de chegar, ver e vencer.
Vá, confessem!
Quem é que troca as embalagens de massa folhada pelas de massa quebrada nos vários supermecados? quem é? alguém tem de ser, confessem!
Se soubessem as vezes que já vim para casa com massa quebrada convencida de que era folhada e folhada convencida de que era quebrada... tendo ido sempre ao sítio certo nas prateleiras do frigorífico na loja!
Há engraçadinhos que vão trocar tudo de sítio, não é?
E quando o jantar depende daquela embalagem de massa folhada, que afinal não o é?
Inverno. Tenho inverno.
Que acho que vou passar a ferro.
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