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Mais um caixote para atirar para lá a tralha que anda para aqui perdida.
Então, foi bom tomar a vacina?
Tão bom como ser atropelada por um camião ou como apanhar uma tareia de um louco furioso.
O fim de semana foi doloroso. No sábado à tarde começou a moleza e uma certa dor de cabeça, à noite dores no corpo todo, mais dores de cabeça, que se prolongaram pelo domingo. Muita fadiga.
Hoje, segunda-feira à tarde, ainda sinto dores de cabeça e dores nas costas. Maravilha!
Estava tão focada nos efeitos marados da vacina, naqueles que incluem a morte, que só quando a Lis disse que ia também ser vacinada brevemente e que até parecia mentira é que parei para pensar no significado de ter tomado a primeira dose.
Tomei a primeira dose de um vacina que me vai tornar mais ou menos imune (setenta e tal por cento, segundo estudos americanos) ao vírus que vem parando o mundo desde finais de 2019.
Em junho, quando tomar a segunda dose, poderei deixar o medo de infetar alguém um bocado de lado, o medo de ser infetada também. Fixe, fixe é que toda a gente fosse entretanto também vacinada.
Que o ato de sair à rua voltasse um bocado ao normal, pré 2020, aquele sair à rua despreocupado, aquele estar próximo despreocupado, aquele abraço despreocupado, aquele sentar numa mesa livre de "deixa-me desinfetar isto antes".
Isso é que era fixe!
Amanhã levo a primeira dose de vacina para o SARS-CoV, da AstraZeneca. (versão editada, achava eu que era da Pfizer, era o meu subsconsciente a brincar comigo)
Que sera sera
whatever will be will be
the future is not ours to see
Voltei, voltei, voltei à escola. Ainda agora estava em casa e agora já estou lá! (ao som de Dino Meira)
Os putos, aparentemente, na boa. Como se não tivéssemos ficado em casa sete semanas, como se ainda na sexta-feira passada lá tivessem estado.
Fizemos teste de compreensão oral (que bruta! os putos ainda todos remelosos de sete semanas em casa e mandas logo com teste!). Os do 3º tinham de pintar os animais da quinta.
Eu avisei logo, com olhos bem abertos, que era uma "crazy farm", mas eles acharam muito estranho que a cow fosse red. Olhavam para mim, com o lápis de cor vermelho na mão, ar espantado e hesitante. Oh titcher, oh titcher! a sério? E nenhum queria começar a pintar a cow de red.
"Come on, it's a crazy farm! start colouring, 'cause next comes the chicken and my chicken is blue!"
A titcher é maluca! ele não disseram, mas vi nos olhinhos deles que acham a professora de inglês maluca.
Sonho muitas vezes contigo.
Entraste lá em casa como o Pinto. Para mim, criança com cinco anitos, era um nome estranho. Eras o pintovski, aquele do bigode enroladinho. Aparecias ao serão, bebias um copo com outros que também andavam por lá, como o Baptista e sei que havia mais, mas não me lembro dos nomes.
Passaste a fazer parte das festas de anos, daquelas à moda antiga, sem temas e sem decoração. Só com pessoas, comida e muita conversa para os adultos e brincadeira para as crianças. Lembro-me de uma passagem de ano que foi a loucura. Às tantas da madrugada fomos todos levar-te a casa pela vila acima. Querias porque querias meter-te no teu carro azul, cheio de pinta, acho que era um Datsun, mas não tenho a certeza, querias por tudo ir de carro. Mas os adultos estavam todos bem bebidos, não que eu tivesse consciência disso, e obrigaram-te a ir a pé. Fomos todos.
Depois, tu, que ias ficar para tio, conheceste a minha tia, aquela que também ia ficar para tia, a minha tia preferida, e passaste a tio Pinto. Foi muito fácil essa passagem.
Sonho contigo muitas vezes. Com boina preta, com bigode, sem bigode e de chapéu de palha.
Não sabia que me ia custar tanto pensar que já não existes.
Há um ano, confinava. Mesmo a tempo de comprar a prenda de anos da Gr.
Há um ano, fechava tudo e os arco-íris faziam parelha com o covid, dois vírus a dar-me cabo do sistema nervoso.
Há um ano disse: para o ano já vais ter festa de anos, vais ver.
Agora, neste março de 2021, eles continuam confinados, mas eu volto à vida.
Não há festa de anos com amigos, os arco-íris foram à vida e lá vou eu voltar às máscaras e ao gel.
Eles em casa, eu no carro, nas viagens diárias para o intestino delgado de judas.
Antes de me deitar, ontem à noite, ele pôs a coluna bluetooth a carregar na casa de banho. Não dei muita importância ao assunto. Acabei de lavar os dentes e fui-me deitar.
Ainda li um bocadito e, milagres dos milagres, o sono veio.
Hoje, quando o despertador tocou, praguejei para dentro e levantei-me.
Acordei a miúda mais nova, que tinha aulas às 8.30, fomos para a cozinha e tomámos o pequeno-almoço. Orientei-a e às pequenas coisas da casa e, com ele ainda a dormir, meti-me no duche.
Quando saí, enquanto me limpava, a coluna começou a tocar uma música estranha. Um misto de pop foleiro com Toy. Pensei: olha, tem o telemóvel conectado e isto é o som que ele escolheu para despertar.
A música continuou e chegou ao ponto em que entra a voz dele, a cantar uma coisa cujo refrão já faz parte dos hits cá de casa, inventado num verão de há uns anos. É qualquer coisa como "Tu és a minha linda! sem ti não sei viver.... " e mais um rol de cenas bimbas e pimbas.
Hoje, vinha a canção completa, cantada por ele. A sair da coluna. Tive um ataque de riso, misturado com lágrimas de nem sei bem o quê. Quando abri a porta da casa de banho, estavam os três a dançar, feitos malucos!
Esta é das coisas que mais gosto neste casamento, que hoje faz catorze anos: estas cenas pequenas/grandes, estes mimos, que fazem a engrenagem andar, não emperrar.
É um prazer estar casada com este tipo.
Tenho um copo de tinto na mão esquerda enquanto escrevo isto
cozinhei um naco de carne que se desfez nas nossas bocas acompanhado de batatinhas assadas, num molho divinal de redução de vinho tinto
o pai cá de casa "cozinhou" uma garrafa para acompanhar, do vinho que me acompanha agora
as miúdas estão entregues às coisas delas e, por falar em miúdas, há uma que se vai casar este ano e nos convidou para estar presentes
a alegria, misturada com comoção, que senti? caramba!
esta segunda-feira já pode ser dada por terminada. como passa depressa o tempo!
as horas arrastam-se e os dias explodem!
escrever só com uma mão é chato e difícil
Deve haver uma forma de desligar o cérebro, sem desligar... para dormir... dormir a sério, sem estar a corrigir PDFs, a procurar materiais, a fazer planos semanais durante o sono, que não é, portanto, sono.
Estico-me no sofá e o cansaço quebra-me o corpo e a mente.
Chego à cama e há um interruptor que se acende! puft, vai-se o sono, e quando chega... é aquela porcaria de continuar a trabalhar... sempre podia ser produtivo e acontecer que aquilo que fizesse a dormir aparecesse feito lá nos meus trabalhos.... mas não....
Há semanas que não durmo a sério...
Já não sei falar e a paciência anda pelas ruas da amargura. Já estou por tudo. Deixem-me em paz.
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