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Mais um caixote para atirar para lá a tralha que anda para aqui perdida.
O sol, de verão, aquele sol que aquece o corpo despido de tecido faz-me feliz.
O sol de verão e as papoulas que enchem a vista, espalhadas pelas bermas afora.
Aparece a bandeira da Suíça. Gr pergunta: qual é este país? O dos primeiros socorros?
Fiz 44 na semana passada, num domingo cinzentão e chuvoso.
De manhã, as meninas juntaram-se e fizeram um bolo bimbólico enquanto tomavam café, na casa da Rita e do Rui e da júlia e do gordon e do miúdo que há-de vir.
Almoçámos aqui em casa, com o Rui, Rita, Júlia e miúdo que há-de vir, uma metade de leitão encomendada pelo M.
Soprámos as velas do bolo bimbólico.
À tarde eu e o M. rumámos a ares mais salgados, onde o sol brilhava: fomos até à praia da polvoeira. Sentámo-nos na areia e o M. pôs o drone a voar. Fui observando as voltas que dava no ar, sob o areal e sob o mar, enquanto sentia o calor do sol a bater-me na cara. Fechei os olhos e voei para Monte Clérigo. Imaginei-me deitada na areia. Foi fácil. Estavam ali reunidos todos os ingredientes.
Regressámos a casa, trouxemos o sol até à Batalha. Quarenta e quatro já cá cantam.
Estranhos tempos estes.
A miúda mais pequena a verbalizar a estranheza deste "novo normal".
Peguei na edição comemorativa dos Cem anos de solidão que comprei aqui há uns anos, não me lembro onde nem quando porque contra o que é normal não escrevi a lápis no cantinho onde comprei nem quando, e decidi começar a ler ou melhor reler dado que o li pela primeira vez há muitos anos, mas mesmo muitos porque não me lembro de nada
não me lembro de precisar da árvore genealógica nem de estar sempre a confundir os aurelianos e os arcadios e também não me lembro de ficar incomodada com os laivos de pedofilia
já no outro dia, ao ver na televisão uma adaptação do amor em tempos de cólera, me senti um bocado incomodada com as paixões púberes, correspondidas, de florentino ariza e agora não consigo evitar parar com frequência na leitura destes cem anos, abanando a cabeça em jeito de mas como é que não me lembro de nada disto ou mas porque é que o gabriel tinha de dar nomes tão parecidos a esta gente e de onde vem esta atração por pré-adolescentes de mamas a nascer?
Será a minha mudança de idade?
Tenho isto aberto desde as quatro da tarde. Não sai nada. Nem sequer consigo ensaiar o que escrever, não sai esboço, rascunho, não sai nada.
Desisto
A disciplina na sala de aula ou a falta dela é um tema constante entre nós, professores. Vinha a pensar nisso (aliás, penso muito nisso) no outro dia numa das minhas viagens entre escolas. Vinha a pensar que, em certas turmas, tenho muitos problemas de disciplina e, claro, na minha cabeça o problema sou eu, que não sei impô-la ou não sei dar aulas de forma a que não seja necessário impô-la. Tive uma orientadora de estágio, da faculdade, que me deixou com a seguinte ideia (que me traumatizou, mas que na minha opinião é uma ideia errada): se o professor for bom, não há lugar à indisciplina, porque o bom professor cria e planifica aulas motivadoras, onde não há espaço para indisciplina. Durante anos esta ideia deu cabo de mim como professora e ainda dá. Todos os dias tenho de me olhar ao espelho e fazer o exercício mental de a desfazer para conseguir ir trabalhar, mas todos os dias me penitencio por não trabalhar mais.
Vinha a remoer esse pensamento, o de que tenho de trabalhar mais, mas depois inverti a coisa: eu não trabalho mais porque quando acaba o meu trabalho na escola eu venho trabalhar na minha casa - dar atenção às filhas e ao marido e à casa em si, o espaço onde moramos. E pensei que se todos nós fizessemos isso (dar mais atenção às nossas pessoas), depois, nas salas de aula, o professor não teria de passar tanto tempo a lidar com indisciplina, porque o básico já tinha sido passado em casa.
Portanto, está tudo invertido. Investimos nos locais errados e nas pessoas erradas, queremos fazer (olhó cliché) casas a começar pelos telhados, sem pensar nos alicerces.
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