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Mais um caixote para atirar para lá a tralha que anda para aqui perdida.
Um armário, muito grande, para a meter lá dentro, quando um ataque de adolescência aguda a acomete. Pode-se encomendar um? Onde?
Não sei onde o meter, e acho que ela ia lá ficar guardada muitos minutos por dia, mas não me importava de ter um. Os ataques têm sido cada vez mais frequentes. Um armário resolveria o problema.
Duas vacinas (as que explodem coágulos).
Um teste (o primeiro até agora), com resultado negativo (mau era!).
Uma filha de férias, em estado histérico. A outra ainda a frequentar a escola, num outro tipo de histeria.
Podemos apagar do dicionário surto, vaga, testagem?
Podemos cingir-nos ao plano nacional de saúde e às vacinas que tomamos há anos, sem medo de coágulos?
Podemos respirar o mesmo ar sem medo e tocar nas mesmas coisas?
Podemos?
Nestas últimas semanas não tenho conseguido responder a comentários nem comentar posts.
Uma destas noites, sonhei (pesadelei) que uma delas tinha morrido. Não sei como, não sei porquê, só sei que não havia mais essa filha.
Foram tsunamis de dor, uns em cima dos outros. Tsunamis de dor excruciante em cima de mim. Acordei lavada em suor e lágrimas, com o coração a mil. Nunca me senti tão feliz por acordar.
Não sei como se vive após a morte de um filho.
Nas duas semanas anteriores à apresentação da coreografia a miúda andava nervosa. A frase que mais a ouvíamos dizer era: "vou fazer bosta." Assim mesmo, com estas palavras. Vais nada, dizíamos nós, para a tranquilizar. A única apresentação pública em que participou foi na era pré-covid, andou nervosa e no dia não queria ir, cheia de medo e chorosa, acabou por fazer a rotina de forma algo atabalhoada, o que a deixou frustrada.
Não queríamos que voltasse a acontecer.
No dia, ontem (12 de junho de 2021) correu tudo bem, tirando uma coisa ou outra. Era um esquema complicado que incluía um escadote no cimo do qual ela fazia uma série de figuras que me deixaram os cabelos em pé. E a se miúda cai de lá de cima? Não caiu, não foi perfeito, mas para quem começou há pouco mais de um ano e viu os treinos interrompidos pela merda da pandemia até está muito bem.
Foi para lá com o clube bem cedinho, regressou à tarde, muito contente. Os nervos não a atrapalharam. Está uma crescida, esta rapariga.
Ele é ensaios para apresentações de ginástica acrobática, ele é ensaios para audições, ele é consultas e o camandro.
Ele é correr de um lado para o outro, estar em Coimbras às 10 da manhã e às três da tarde já estar no cu de judas a dar aulas.
Ele é miúdas nervosas e pais à beira de um ataque de nervos, comprar maquilhagem e cremes depilatórios e vê-las a crescer a cem à hora e não querer, vê-las a detestarem-se mutuamente agora e daqui a cinco minutos atirarem-se para o chão em ataques de riso simultâneos por causa de uma parvoíce qualquer ou porque tiraram uma fotografia ao pai onde este ficou eternizado com ar apatetado.
Ele é contar os dias que faltam para a escola acabar e sentir que as horas não passam, mas que as semanas passam depressa de mais.
Ele é bida, como dizia o sr. Moreira.
... mas dão um jeitão durante as audições. As máscaras. Esta semana esconderam um quase ataque de riso, à medida que a criança tocava no violino a peça que lhe tinha cabido nas sortes.
aquelas receitas que têm fotografia do produto final e o arroz foi enformado e depois desenformado na prato, criando um montinho aglomerado? Já não consigo sequer ler a receita para ver é fazível ou não. É que não consigo mesmo.
Imagem retirada de http://www.ruzene.com/project/basmati-com-salmao/
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