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Mais um caixote para atirar para lá a tralha que anda para aqui perdida.
Para onde foste, 2021, que quase não te vi passar?
Vejo chegar os teus últimos dias pelas beiras, na casa paterna, com sol a rodos e flocos de neve suja - as ovelhas- nas terras verdes.
Estou bem, embora com um vazio relativo, dada a ausência das filhas. Mais uma vez se confirma que sou uma besta: deixei-as e vim curtir a lareira mais os livros que trouxe.
As divindades hão-de me perdoar se após estes dias me revelar uma mãe mais calma e recetiva.
Na sexta-feira, à noite, acabei o "Descascando a cebola" do Gunter Grass. Andava com ele para trás e para diante desde agosto. Nos entretantos, li uns quantos, mas o Grass andou sempre comigo. Numas noites lia vinte e tal páginas, noutras não conseguia passar além das duas.
Nunca demorei tanto tempo a ler um livro, nem o Guerra e Paz.
Não foi uma leitura tranquila, estive sempre à espera de ler alguma forma de expiação explicíta por parte do homem, por ter sido membro das SS e fui sempre debatendo comigo própria se devia continuar a ler perante a ausência dessa expiação.
Depois, o combate foi entre a Gabriela pessoa e a Gabriela leitora.
A primeira argumentava que na vida vamos-nos deixando levar pelas correntes sem pensar e que esse deixarmo-nos levar nos pode conduzir ao lado errado da "Força", especialmente quando somos novos e cheios das hormonas que nos fazem sentir imortais.
A segunda via o "descascar da cebola" como um ato de expiação.
Não sei se isto assim, sem mais explicações, faz sentido a outras pessoas. Nem sei se daqui a um mês me vai fazer sentido a mim. Creio que quero dizer que a forma como o autor desenrola os acontecimentos dessa altura da sua vida é, de facto, como se desmanchasse uma cebola. Podia ter escolhido outro legume, outra fruta desmanchável, mas só quem já desmanchou cebolas sabe como é difícil fazê-lo.
Aqui há uns sábados, após o jantar, comecei a ver o filme Yesterday. Ao fim de uns minutos, a família juntou-se à volta do sofá e viu comigo.
Uns dias depois, ouço a Mr. a cantar Eleanor Rigby. Com os meus botões rejubilei. Pensei qualquer coisa do género "que fixe! viu o filme, o filme que eu comecei a ver e ficou, por minha influência, interessada nos Beatles".
Era bonito, não era?
Diz que, afinal, uma versão anda a passar como êxito naquela rede social chinesa que começa em tik e acaba em tok.
Estamos em casa, em modo E@D (porque daqui a uns anos não me vou lembrar: dois colegas testaram positivo para Covid e a turma veio toda para casa no mesmo dia). A mesa da sala é um mundo onde se misturam as cenas dela e as minhas, às quais se vieram juntar as prendas para embrulhar.
O calendário segue, com os percalços do costume.
O que já fizemos, desde a última atualização? nem sei.... um jantar à luz das velas e pouco mais. É a vida a acontecer.
Hoje é dia de comer o nosso chocolate preferido, amanhã de jogar uno.
Siga.
O Jardim da Isabel foi a segunda casa das minhas filhas nos seus primeiros anos de vida.
As minhas filhas são o que são em parte porque andaram no Jardim da Isabel.
Olhando para trás, eu tenho quase a certeza de ter agradecido à Isabel o que fez pelas minhas miúdas. Se não o fiz, agora é tarde.
A Isabel morreu.
Dia 1 montámos a árvore.
Dia 2 fizeram um vídeo a falar da mãe/esposa enquanto a mãe foi torturar o corpo e libertar a mente à ginástica.
Dia 3 fez-se um concurso de culinária, de onde não sairam vencedores os concorrentes, mas sim a mãe que desta forma não cozinhou (e a burra sou eu?).
Hoje, dia 4, haverá novo concurso, desta feita, de dança. Prevejo risota da boa.
Siga para bingo.
Eu disse que não fazia.
Passei a pasta às miúdas.
A mais velha mandou-me subtilmente passear.
A mais nova fez quase tudo. Não abdicou do coiso.
Agora, temos ali os papelinhos pendurados na chaminé, que ainda por cima tem um pedaço em reboco porque teve de ser partida e arranjada e ainda não a pintámos.
Não está uma coisa bonita, não, mas diz que as tradições são para manter e esta já vem de há uns anos. Cumpra-se.
Só quer cenas kawaii, só aceita cenas kawaii, seja lá o que essa m$%3@ é.
Vai dar comigo em doida!
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