Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Mais um caixote para atirar para lá a tralha que anda para aqui perdida.
estamos quase todos tão focados em trabalhar para pagar as contas e ter o mínimo de qualidade de vida (sabes deus como em alguns casos) que resignamo-nos ou damos por nós a ver a escola como um local para deixar as nossas crianças
preciso de trabalhar, preciso de deixar os filhos num lugar seguro, não me fechem a escola, tenho de ir trabalhar, estou a perder trabalhos, não vou conseguir pagar as contas, os créditos
chegámos a este ponto, fizeram-nos chegar a este ponto
a escola não devia ser um sítio para depositar as crianças
os professores não deviam ser vistos como os babysitters do século
greve de zelo? escrevia alguém... quero lá saber se ensinam o meu filho, preciso que ele esteja entregue até acabar o meu trabalho e poder ir buscá-lo
não me fechem a escola dizemos nós como pais
não somos babysitters, dizemos nós professores
merecemos salário justo para o trabalho que temos, merecemos conseguir pagar as contas
merecemos qualidade de vida
Estaciono a cerca de 100 metros da escola.
Os putos no recreio avistam-me e começam a gritar "ticher" "ticher"...
Sinto-me uma rock star!
Se não fosse isto, já tinha ido embora.
Comecei a manhã em frente ao portão da escola sede do agrupamento.
Como prof. de inglês no 1º ciclo, a minha ausência não faz mossa exceto na minha carteira, porque as aulas são dadas em coadjuvação. Se só eu fizer greve, a colega assegura essa hora. Por esta razão, ainda não tinha aderido aos movimentos de greve aos primeiros tempos do dia.
Hoje abri uma exceção. Avisei a colega com quem ia dar aulas, para ver se ela se decidia a aparecer também e lá fui eu juntar-me ao cordão humano, que em frente à escola pedia "respeito", entre outras coisas.
Confesso que senti um quentinho no peito.
Depois, lá fui eu à minha vida, para a escolinha na periferia.
Entretanto, há-de vir um conveniente "parecer jurídico" a declarar este tipo de greve ilegal e quero ver que formas de protesto poderão ser usadas. Espero que as pessoas se mantenham firmes e unidas, independentemente de sindicatos e agendas políticas de bastidores.
Uma coisa é certa: resiliência não falta aos professores.
Ah! apareci na "tubizão"!
Para registo:
o calendário deste ano, não tendo sido um flop completo, também não foi um sucesso estrondoso, mas é para manter.
As festas foram passadas no norte: natal com a sogra, noite de 31 de dez. para 1 de jan. com os meus pais.
Houve alguma vida social, condicionada pela chuva, que fez questão de estar sempre presente, passei muit tempo com os meus pais e não peguei em trabalho.
Recebi os livros que pedi (mais um da Leila Slimani, um da Zadie Smith e o primeiro da Sally Rooney).
Estou a acabar de ler O pintassilgo da Donna Tartt e não posso levá-lo para a cama (salvo seja) porque me dá pesadelos (passo a noite a sonhar com gansters e mafiosos a snifarem linhas de coca enquanto elaboram planos para me matarem porque tenho algo que lhes interessa, mas nunca sei o que é).
As miúdas andam sempre ranhosas e com dores nalguma parte do corpo.
Não fiz, como sempre, declarações de fim de ano nem balanços (isto fica registado apenas para memória futura).
O regresso ao trabalho faz-se com greves e manifestações, embora no agrupamento onde leciono ande tudo a dormir.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.