Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Mais um caixote para atirar para lá a tralha que anda para aqui perdida.
"Posso ir?"
"vou já!"
"Já vou!"
"É lidar!"
Quando a mais velha está mal disposta, estas são as frases que mais lhe ouvimos. Desaparece para os fones e aparece para indagar sobre o jantar. Vem ajudar após alguns "vou já" e "já vou" para voltar a hibernar quando acaba a tarefa para a qual foi solicitada.
Também é comum passar os dias a cantar.
Quando está bem disposta, dá ares da sua graça de forma mais frequente, oferece ajuda, quer cozinhar, dá abraços e não se importa de receber beijinhos.
terminei ontem o acontecimento da Annie Ernaux.
era um livro que poderia ser lido de uma penada, mas demorei quase uma semana
tive de parar várias vezes
ontem à tarde, a mr. disse-me que estavam a ver o filme Juno nas aulas de filosofia, para depois falarem sobre responsabilidade na vida sexual
hoje, numa das minhas viagens entre escolas, pensei que a leitura deste livro seria bem mais eficiente
e depois pensei que numa sociedade "avançada" não caberia na cabeça de ninguém criminalizar e perseguir quem escolhe fazer IVGs
vai sempre haver quem decida fazê-las e quem se proponha a "ajudar" as mulheres a levar a intenção para a frente
o mais correto é que as mulheres que decidam fazê-las o possam fazer com segurança e sem terem de sofrer as dores físicas que elas implicam se forem feitas sem segurança
as mentais e emocionais, creio eu que para a maior parte das mulheres, já são castigo suficiente
agora, à tardinha, leio algures num feed de notícias que num estado qualquer da américa querem propor a pena de morte para as mulheres que façam abortos
não entendo que razões estão por trás deste retrocesso mental
custa-me aceitá-lo
Estou num ponto em que acredito que um ataque à bomba ao ministério da educação, fora do horário de expediente, seria uma boa medida para chamar a atenção do governo.
Mas isso é terrorismo! gritam todos!
"Explodir" com milhares de agregados familiares dos professores contratados e de quadros de zona é o quê?
Eu chamo-lhe terrorismo.
Boa tarde, D. Clara. Chamámo-la aqui ao escritório central porque sabemos que a senhora está descontente com a sua situação laboral, entre outras razões, por ter de andar sempre a "saltar" entre delegações da nossa empresa e por não ter um vinculo connnosco, apesar de ser nossa funcionária há décadas.
Damos-lhe razão e vamos vinculá-la. Sim, pode ficar contente, Dona Clara. Ainda bem. Nós também ficamos muito contentes por si. Gostamos de ter colaboradores felizes.
Passmos então a explicar: D. Clara, na próxima semana, vai ter de se candidatar a um lugar nas 63 delegações que temos espalhadas pelo país.
Sim, D. Clara, se quer efetivar na empresa tem mesmo de se candidatar aos 63 lugares. Depois, nós dizemos-lhe onde ficou e a senhora, a partir da próxima semana passa a trabalhar lá.
Sim, D. Clara, vai ter mesmo de o fazer. São estas as condições, D. Clara. Então, a senhora não queria efetivar?
Pois... arrisca-se a ir para lá para baixo para o Algarve sim, é onde temos mais falta de pessoal, como a senhora sabe, pois... ficará por lá efetiva, sim... era o que a senhora queria...
a sua casa aqui? pois, não sei...
os seus filhos? pois, não sei...
o seu marido que trabalha numa empresa igual à nossa e arrisca-se a ficar noutro sítio qualquer? pois, não sei, D. Clara. Olhe, peça o divórcio e vendam a casa.
Depois, cada um arranja-se como puder, lá no sítio onde efetivarem. Foi um gosto vê-la, D. Clara. Fique a aguardar notícias.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.