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o que sinto hoje!

por blogdocaixote, em 25.04.12

Tenho a certeza de que daqui a uns poucos de anos o 25 de abril será um feriado como o 1º de dezembro. E isso chateia-me!

Chateia-me porque cresci a ouvir falar da ditadura e da falta de liberdade. Cresci a ouvir as histórias de quem teve de ir a salto para frança, para fugir à guerra, cresci sem saber o que eram chocolates, exceto os que se traziam à socapa depois de ir a Badajoz.

Mas mais impostante do que isto, cresci sabendo que o destino do meu pai e de todos os rapazes que queriam estudar era a vida de padre, cresci sabendo que nenhuma das minhas tias paternas estudou porque o destino das raparigas era a casa e o parir filho atrás de filho, cresci a ouvir que depois de parir os filhos, a minha mãe foi quase direta para o trabalho, porque licenças e subsídios de maternidade era coisa inimaginável, que os meus avós trabalharam até morrer porque reformas não existiam.

Cresci com uma escola para todos, com direito a ir para o infantário e pré primária, com o aumento do nº de alunos na universidade, com os centros comerciais, com saúde meia paga pela ADSE, com sudsídios e reformas. Tudo fruto da luta de gente como o meu pai, tudo fruto de luta dos homens que comiam criancinhas ao pequeno almoço. Porque quer se queira quer não, foi a única forma de luta organizada que fez frente ao regime, enquanto não chegava o dia 25 de abril de 74.

 

E hoje, estou refém de um trabalho em regime ilegal e precário!

Hoje, não tenho ADSE. Hoje, se quero uma consulta de especialidade, vou para uma lista de espera de meses ou pago exclusivamente do meu bolso uma consulta de 70 ou 100 euros. Hoje, se chego ao centro de saúde da minha área, só me atendem se tiver uma "doença aguda", porque o serviço de urgência foi ao ar; hoje tenho de ir ao hospital e pagar uma taxa moderadora de 20 euros!

Hoje, não tenho direito a subsídio de desemprego.

 

Hoje, eu queria um novo 25 de abril, queria não sentir que as conquistas da geração do meu pai não estivessem por um fio. Queria sentir que à minha geração, mais importante do que dar playstations aos filhos, é dar valores. E não sinto.

 

 

 

 

 

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publicado às 19:28



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