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Mais um caixote para atirar para lá a tralha que anda para aqui perdida.
Sábado de sol... arranjei um caminhão, prá levar galera.....
podia continuar, mas não arranjei camião nenhum nem fui com galera nenhuma. Passámos o fim de semana no norte e fiquei em casa, sozinha, com a lareira a bombar e os textos maravilhosos dos meus alunos para ler e me darem alegrias, tantas que parei de cinco em cinco minutos para não ter uma síncope.
Fui às compras, em busca de ingredientes para um jantar a dois e regressei umas duas horas depois. O supermercado que começa em C e acaba em ente estava cheio de gente e não tinha salmão fumado. Tive de ir ao que começa em L e acaba em dl que estava mais cheio ainda. Estive uns bons quinze minutos na fila para pagar e as caixas estavam todas abertas, com filas semelhantes.
Mas o jantar ficou bom. Um jantar romântico, nesta fase das nossas vidas, equivale a um jantar em que estamos só os dois, o que significa uma grande economia de palavras e de zangas com a prole que agora não gosta de comida nenhuma e esqueceu as boas maneiras que lhes fomos incutindo ao longo destes últimos anos.
Assaltei a garrafeira do paterfamilias, que está muito má (ai, ai, pai... ), bebemos um copito e vimos mais um episódio de sex education. Depois, fomos dormir. O dia acordou outra vez soalheiro e eu já estava outra vez entregue a mim. Fui ao mercado, que é só o café mais giro de paredes e tomei um café com vista para a feira de velharias que ali se realiza pelo menos uma vez por mês. Lá dentro estavam uma tia e respetiva filha mais genro, com quem me entretive à conversa uma boa hora.
O Dr. Daniel Sampaio, através do livro "a razão dos avós", relembrou-me a importância de darmos valor ao nosso passado e nada melhor do que conversar com uma guardiã desse passado (a tia aninhas). Tenho pena das crianças a quem a vida (ou os adultos das suas vidas) afastam de parentes e avós que lhes podem dar tanto.
À tarde refizemos um passeio da minha infância: fomos ao Monte Mozinho, um castro que fica ali para as bandas de penafiel. O sol batia bem quentinho lá no cimo da acrópole, a chuva tinha deixado o solo verdinho e as miúdas acharam-se no paraíso (palavras da gr.).
Foi mais um fim de semana que passou a voar num boing 747.
Não admira que a roupa não seque. Se até eu me sinto constantemente húmida.... (no sentido literal... será que esta explicitação piora as coisas?), se até a mim me apetece pendurar-me pelas orelhas num estendal ou, quiça, enfiar-me numa máquina de secar roupa...
A preguiça para sair de casa e ir às aulas de ginástica anda cá pelo corpo. Já pensei em mandar o exercício às urtigas. O meu marido há-de gostar de mim gorda e flácida, pelo menos assim jurou no altar, se é para a saúde e para a doença, também há-de ser para a gordura e magreza.
O problema é que depois passo eu a não gostar de mim ou a gostar ainda menos de mim e isso é que era mau.
Por isso, vou arranjando coragem para sair de casa e me meter lá naquela associação duvidosa onde duas vezes por semana entrego o corpo ao manifesto (toma lá, duas insinuações de âmbito sexualmente duvidoso no mesmo post, estás bonita, estás!)
As miúdas andam na vidinha delas e isso é bom, chato é termos de ser nós a conduzi-las, e digo isto em sentido figurativo E literal, porque elas ainda não têm carta e as distâncias mais a chuva que cai não se compadecem com idas e vindas a pé.
E eu disse que isto eram retalho e não menti. Agora, vou corrigir trabalhos.
Vieste de mansinho e dançaste comigo o last christmas
fizeste-me entrar no natal
pela porta grande
obrigada
dançámos juntas enquanto eu me vestia para ir para a ginástica
fazemos isso muitas vezes e eu gosto tanto
que a nossa vida seja sempre uma dança
Passa o dia a assobiar. Está a fazer trabalhos de casa, assobia.
Lê, assobia.
Arruma as coisas dela, assobia.
E canta, canta, está sempre a cantar. As porcarias da rádio comercial e também algumas coisas fixes da antena 3.
Há bocado, no carro, as duas repetiam, feitas doidas, o spot de entrada da rubrica da Ana Markl "os audiogésicos da dra. Ana Correia" e riam-se. Ficaram a saber quem é o Júlio Isidro e acabaram por me chamar velha.
Com cinco seis anos eu ia à mercearia uns metros abaixo de casa, murmurando a lista de compras, invariavelmente pequenina:
"seis papo secos, seis papo secos, seis papo secos...."
Brincávamos, em magotes, ou sozinhos, ao longo da vila. Com frequência, eu descia até lá abaixo, pertinho do campo de futebol e ia brincar com a margarida maria alacoque, que é a santa que deus nos envia para dar o sinal dar o toque, margarida maria alacoque. A margarida, ou guida para os amigos e família, odiava esta lengalenga que o meu pai fazia questão de dizer de todas as vezes que a via, mas tal não a impedia de brincar comigo. Às tantas de noite, quando achava que seria hora de jantar, porque também em casa da guida se punha a mesa, lá voltava eu para casa.
Brincava com o meno, no bairro, perto da casa do carrola, brincava na encosta do castelo, muitas vezes sozinha.
Ia para escola e voltava, sempre sozinha ou com o bruno, o meu amigo inseparável, que no fim da primeira classe se mudou porque o pai era bancário e foi ser gerente noutro sítio.
Ia à catequese sozinha e voltava sozinha.
Em baltar assim continuou. Íamos e vinhamos, sozinhos, das brincadeiras, das tarefas diárias...
Hoje, não deixo as minhas flhas irem a lado nenhum.
Mas a coisa vai mudar. Já é tempo! De pequenino se torce o pepino.
Ouço-a daqui, no carro, a soprar no trompete. O trompete esteve parado este mês, saindo do caixa uma vez ou outra para tocar magnetic zeros e uma outra coisa que ela ouvia no rádio.
Vai continuar com o instrumento emprestado pelo orfeão, lá chegará o dia em que terá o seu próprio.
O sexto ano chegou de comboio à estação e já partiu.
O sexto da Mr e o terceiro da Gr.
Não há como os parar.
Às vezes queria...
A mais velha vai ter uma consulta do sono, em Coimbra, sugerida pela endocrinologista que a acompanha.
A terapia de hormona corre como deve correr, sem esquecimentos e sem dores ou dorzitas.
Provavelmente, também eu precisaria de uma consulta de sono. Calculo que após um determinado número de anos sem dormir, o corpo desaprenda e seja necessário ensiná-lo a voltar a dormir.
A mais nova estica-se pela casa,incapaz de se entreter se não tiver nas mãos um qualquer gadget que lhe dê acesso ao youtube onde vê vídeo atrás de vídeo.
A culpa é nossa.
Cala-te, idiota!
Não me calo. Tu és uma imbecil!
Fim de ano letivo. Mr. com notas boas, exectuando a porcaria da matemática. A miúda tem ali um quê de défice de atenção e pouco estudou, mas alguma coisa anda a fazer bem nas aulas, porque as coisas lá vão ficando.
O que mais nos preocupou foi a questão "social" e a pressão de pares que a miúda foi acusando, por ser a única a não ter telemóvel, por ser a mais pequenina e ser tão preocupada com o cumprimento das regras, consta que chega a ser chatinha (coitadinha dela, que puxou à mãe).
A Gr. também obteve boas notas sem problemas ou stresses de maior. É uma miúda sociável, de quem é fácil gostar (que sorte a dela, que puxou ao pai).
Oh minhas meninas, mais cinco minutos (de televisão) e acabou! Digo eu, enquanto me preparo para ver o terceiro video da bumba na fofinha no YouTube.
Bonito, não é?
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