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Mais um caixote para atirar para lá a tralha que anda para aqui perdida.
Estou num ponto em que acredito que um ataque à bomba ao ministério da educação, fora do horário de expediente, seria uma boa medida para chamar a atenção do governo.
Mas isso é terrorismo! gritam todos!
"Explodir" com milhares de agregados familiares dos professores contratados e de quadros de zona é o quê?
Eu chamo-lhe terrorismo.
Boa tarde, D. Clara. Chamámo-la aqui ao escritório central porque sabemos que a senhora está descontente com a sua situação laboral, entre outras razões, por ter de andar sempre a "saltar" entre delegações da nossa empresa e por não ter um vinculo connnosco, apesar de ser nossa funcionária há décadas.
Damos-lhe razão e vamos vinculá-la. Sim, pode ficar contente, Dona Clara. Ainda bem. Nós também ficamos muito contentes por si. Gostamos de ter colaboradores felizes.
Passmos então a explicar: D. Clara, na próxima semana, vai ter de se candidatar a um lugar nas 63 delegações que temos espalhadas pelo país.
Sim, D. Clara, se quer efetivar na empresa tem mesmo de se candidatar aos 63 lugares. Depois, nós dizemos-lhe onde ficou e a senhora, a partir da próxima semana passa a trabalhar lá.
Sim, D. Clara, vai ter mesmo de o fazer. São estas as condições, D. Clara. Então, a senhora não queria efetivar?
Pois... arrisca-se a ir para lá para baixo para o Algarve sim, é onde temos mais falta de pessoal, como a senhora sabe, pois... ficará por lá efetiva, sim... era o que a senhora queria...
a sua casa aqui? pois, não sei...
os seus filhos? pois, não sei...
o seu marido que trabalha numa empresa igual à nossa e arrisca-se a ficar noutro sítio qualquer? pois, não sei, D. Clara. Olhe, peça o divórcio e vendam a casa.
Depois, cada um arranja-se como puder, lá no sítio onde efetivarem. Foi um gosto vê-la, D. Clara. Fique a aguardar notícias.
Não tem outro nome aquilo que o ministério da educação está a fazer.
Filha da putice, pura e dura! Uma forma de lixar os professores, todos, desde os contratados, independentemente do tempo de serviço, aos "velhos". Na forma como NÃO estão a negociar e na forma espúria como está a manipular a comunicação social e consequentemente a opinião pública. O parecer da procuradoria geral da República não declara a greve do stop ilegal, nem de perto, nem de longe!
As propostas levadas à mesa de negociações, com poucas horas de antecedência, são todas tendencialmente uma grande tentativa de nos mandar a TODOS para aquele sítio muito bonito acabado em -alho, que só não escrevo aqui porque sou uma cidadã bem educada, do tempo em que ainda havia respeito pela classe do professor.
Não sei se o Pestana discursou à parte porque quis ou porque não o quiseram no mesmo palanque
não sei se os responsáveis pela organização já tinham partido quando chegaram os últimos professores
não sei
sei que foi um misto de emoções descer a avenida com a minha família e as cento e cinquenta mil pessoas que ali desaguaram de todos os pontos do país
sei que a guiomar não largou o cartaz, que a maria sentiu orgulho dos pais, que eu senti orgulho de fazer parte do momento
o que os próximos tempos nos trazem é uma incógnita.
Pressinto que a tutela vai continuar a fazer orelhas moucas e que mais de metade das reivindicações se vai arrastar e que nos hão-de desgastar ainda mais
pressinto que não valeu a pena, talvez seja o meu pessimismo a falar, talvez a experiência...
Estou cansada (literalmente, dói-me o corpo) e não alinho duas frases com princípio meio e fim, mas nada apaga o que sentimos ontem!
Penso que não devia andar sempre acelerada, mas se tivesse um conta kms acoplado, o conta rotações ia dos 0 aos 100 em poucos segundos
as crianças precisam de mimo, mas também de disciplina. se ninguém lhes disser o que é certo ou errado em diferentes contextos, eles não sabem. o ponto de equilíbrio entre os dois (o brincar e a disciplina) é tão difícil....
estamos quase todos tão focados em trabalhar para pagar as contas e ter o mínimo de qualidade de vida (sabes deus como em alguns casos) que resignamo-nos ou damos por nós a ver a escola como um local para deixar as nossas crianças
preciso de trabalhar, preciso de deixar os filhos num lugar seguro, não me fechem a escola, tenho de ir trabalhar, estou a perder trabalhos, não vou conseguir pagar as contas, os créditos
chegámos a este ponto, fizeram-nos chegar a este ponto
a escola não devia ser um sítio para depositar as crianças
os professores não deviam ser vistos como os babysitters do século
greve de zelo? escrevia alguém... quero lá saber se ensinam o meu filho, preciso que ele esteja entregue até acabar o meu trabalho e poder ir buscá-lo
não me fechem a escola dizemos nós como pais
não somos babysitters, dizemos nós professores
merecemos salário justo para o trabalho que temos, merecemos conseguir pagar as contas
merecemos qualidade de vida
Estaciono a cerca de 100 metros da escola.
Os putos no recreio avistam-me e começam a gritar "ticher" "ticher"...
Sinto-me uma rock star!
Se não fosse isto, já tinha ido embora.
Comecei a manhã em frente ao portão da escola sede do agrupamento.
Como prof. de inglês no 1º ciclo, a minha ausência não faz mossa exceto na minha carteira, porque as aulas são dadas em coadjuvação. Se só eu fizer greve, a colega assegura essa hora. Por esta razão, ainda não tinha aderido aos movimentos de greve aos primeiros tempos do dia.
Hoje abri uma exceção. Avisei a colega com quem ia dar aulas, para ver se ela se decidia a aparecer também e lá fui eu juntar-me ao cordão humano, que em frente à escola pedia "respeito", entre outras coisas.
Confesso que senti um quentinho no peito.
Depois, lá fui eu à minha vida, para a escolinha na periferia.
Entretanto, há-de vir um conveniente "parecer jurídico" a declarar este tipo de greve ilegal e quero ver que formas de protesto poderão ser usadas. Espero que as pessoas se mantenham firmes e unidas, independentemente de sindicatos e agendas políticas de bastidores.
Uma coisa é certa: resiliência não falta aos professores.
Ah! apareci na "tubizão"!
Para registo:
o calendário deste ano, não tendo sido um flop completo, também não foi um sucesso estrondoso, mas é para manter.
As festas foram passadas no norte: natal com a sogra, noite de 31 de dez. para 1 de jan. com os meus pais.
Houve alguma vida social, condicionada pela chuva, que fez questão de estar sempre presente, passei muit tempo com os meus pais e não peguei em trabalho.
Recebi os livros que pedi (mais um da Leila Slimani, um da Zadie Smith e o primeiro da Sally Rooney).
Estou a acabar de ler O pintassilgo da Donna Tartt e não posso levá-lo para a cama (salvo seja) porque me dá pesadelos (passo a noite a sonhar com gansters e mafiosos a snifarem linhas de coca enquanto elaboram planos para me matarem porque tenho algo que lhes interessa, mas nunca sei o que é).
As miúdas andam sempre ranhosas e com dores nalguma parte do corpo.
Não fiz, como sempre, declarações de fim de ano nem balanços (isto fica registado apenas para memória futura).
O regresso ao trabalho faz-se com greves e manifestações, embora no agrupamento onde leciono ande tudo a dormir.
Cheguei lá, com a barriga meia cheia, meia vazia. Eram quase onze da manhã, tinha engolido meio pão com manteiga e um café no "calhau". Tinha comentado com a colega que não sabia se ia ter castanhas porque me cheirava que iam fazer o magusto de tarde.
Cheguei lá, dizia, e cheirava a castanha assada. Ainda bem que no calhau me deixei ficar pela meia carcaça, porque me empaturrei de castanha assada na brasa, seguidas de morcela de arroz e broa. Isto tudo entre as onze e o meio-dia. Aula dada por esta teacher não houve, que os deixei apreciar as castanhas e o sol maravilhoso que nos batia na cara em jeito de palmadinhas serenas. No fim, não queriam deixar-me vir embora. Ralho, ralho e posso, às vezes, ser um bocado besta, mas depois os putos até gostam de mim.
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