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Mais um caixote para atirar para lá a tralha que anda para aqui perdida.
O ano letivo 21/22 terminou com muito cansaço, parecia interminável.
As miúdas deram o seu melhor, a mais velha cansada do articulado, a mais nova aparentemente sempre na boa, nós um bocado na merda, não vamos dourar a pilula.
As férias vieram, duas semanas já foram, na costa do costume.
A primeira semana primou pelo céu cinzento, que nos obrigou a descer pela costa até Lagos. Curtimos várias praias, com várias temperaturas, demos belos mergulhos. Tivemos a companhia da sobrinha.
Na segunda semana subimos a Odeceixe, revisitámos o Carvalhal e a Amália.
São Teotónio saiu de órbita e deslocou-se para o Punjab. As mercearias deixaram de ter produtos portugueses e cheiram a caril.
Regressámos ontem à Batalha, mas nem vamos aquecer as camas, que hoje mesmo subimos para o norte, para festejar os 15 anos de vida da mais velha.
As férias servem para mudar geografias, especialmente as mentais. Espero que o fim destas seja o início de anos letivos mais tranquilos, de cabeças mais leves e com mais amor e paciência.
O dono da quinta em frente cortou todas as árvores que nos tapavam a vista para a "porcaria".
Agora, vamos à varanda e temos uma vista nova, mais desafogada, sim, mais aberta, sim, mas não deixa de ser uma paisagem totalmente diferente. Era a minha paisagem: as árvores, a estrada pitoresca que subia, cheia de sombras.
Dispensava esta abertura de vistas diretamente para a pequária, dispensava aquele muro feito de blocos de calcário, a estrada mais larga, a visão dos tejadilhos a passar na autoestrada fantasma lá em cima (até isso agora vejo).
Eu sei que os terrenos são do dono da quinta, que ele tem o direito de fazer o que lhe apetecer, mas também acho que quem pode mexer assim com as vistas dos outros cidadãos também devia ter de consultar os cidadãos afetados.
As doenças sexualmente transmissíveis são assim chamadas - transmissíveis - porque passam, única e exclusivamente, entre as mulheres. Não há homem que as tenha e que, por via de as ter, as passe às mulheres.
As gravidezes, já agora, são também da responsabilidade exclusiva da mulher, que circula pela vida a recolher esperma alheio, à revelia do macho.
Senhor Doutor médico de família, ensine as suas doentes a controlarem os ímpetos sexuais e a não angravidarem. Ou então, deixe-se lá disso de permitir IVGs só porque a paciente "pede". Continue também a não solicitar exames de diagnóstico de problemas provocados por relações sexuais desprotegidas. Assim, as possíveis doenças sexualmente transmissíveis não aparecem nas suas fichas, a sua reputação (do sr. dr.) não é manchada.
Em relação aos seus doentes machos, deixe-os lá andar livres e soltos. Afinal isto das consultas de planeamento familiar é só para mulheres. Os homens não planeiam nada, a gente já sabe. Boys will be boys, não é?
Escrever "lembro-me como se fosse hoje" não seria verdade, mas lembro-me bem de chegar a casa deles e vê-la, recém mamã, enfiada num par de velhas calças de fato de treino e uma sweat estragada, manchada de lixívia.
Sentámo-nos no sofá, com o bebé entre nós, e fomos pondo a conversa em dia. Eu estava muito longe de vir a ser mãe, acho até que ainda estava na faculdade, não sabia nada de nada.
Lembro-me de olhar para ela e pensar que nada justificava aquele desmazelo.
Lembro-me muitas vezes deles e dela especialmente. Como eu não sabia nada de nada.
Lembro-me muitas vezes dela, especialmente em dias como hoje, enfiada num par de calças de ioga e numa sweat da pantera cor de rosa. Ela tinha acabado de ser mãe. Eu não tenho "desculpa" parecida.
Talvez o modo covid, mas será que este justifica o desmazelo?
Ao décimo nono dia do mês de abril de 2022, dois anos e picos depois do início da pandemia, os adultos desta casa testaram positivo, com sintomas, ao Covid19.
Nessa noite, a nossa gata deu sinais de morte e deixou-nos de madrugada.
A minha Pata. A nossa Pata.
A adolescência dos nossos filhos é um veneno que os pais vão tomando em doses homeopáticas. Eventualmente, eles crescem e deixam de o despejar no café ou nas bebidas e o que houver no sangue é excretado.
Para já, sinto-o nos meus poros todos.
Há umas semanas, voltámos (o grupo de teatro do qual faço parte) aos palcos.
O Marco perguntou-me há quanto tempo eu não me sentia feliz e eu fui capaz, sem sombra de dúvidas, de responder que me senti muito feliz no palco no fim de semana em que regressámos. Tanto, que desisti de desistir do grupo.
O meu cabelo está cada vez mais branco. Os meus cabelos brancos não me incomodam por serem brancos. Incomoda-me o serem parvos, com uma estrutura completamente diferente dos outros que ainda não embranqueceram. Não são lisos, mas também não são ondulados. Fazem da minha cabeleira uma coisa estranha. O meu cabelo anda a contribuir, em parte, para o meu estado atual de estar um bocado na merda. É absolutamente "redículo", eu sei, um problema de primeiro mundo e de um mundo onde não temos de nos esconder em bunkers para nos safarmos de uma bomba, eu sei.
Meio sistema de ensino está em pausa letiva mas nós em semestre, o que significa que pausas não são para nós. Pessoalmente, não tenho nada de bom a dizer disto da semestralidade. Nunca estive tão cansada e, provavelmente, tão ranzinza.
Está esclarecida a minha ausência do caixote, nem eu me aguento.
Eu: pingo no nariz, dor de cabeça, umas vezes leve, outras mais chata, às vezes o corpo pesado, arrepios de frio... mas os testes feitos em casa continuam a dar negativo.
A mais nova: dores de barriga pela manhã, dores de garganta à noite... mas os testes feitos em casa continuam a dar negativo.
Ele: dores de cabeça, cansaço...mas os testes feitos em casa continuam a dar negativo.
Nunca chumbámos tanto, com a impressão contínua de que o professor se está a enganar na correção do teste.
Amanhã vou levar o material para análise ao professor antigéneo, que ao contrário do que o nome indica, deve ser mais inteligente do que o outro.
Este ano letivo terminámos as aulas a 22 de dezembro (por estarmos em semestres). No dia 23 fomos para o norte. Arrumámos malas e malotes, enchemos o carro e saímos.
Tivemos tempo para ir dar umas prenditas e por volta das seis da tarde já trocávamos os bs pelos vs.
O Natal foi passado na casa da avó paterna, com o costumeiro bacalhau cozido com batatas e o cabrito assado.
No dia 26 fizemos outro natal com os tios e a sobrinha. No dia seguinte, fomos em excursão a Braga, comer aquela que dizem ser a melhor francesinha.
No dia 29 deixei marido e miúdas e rumei às beiras, com os meus pais. Li muito, dei umas voltas a pé, aqueci os pés à lareira.
A sobrinha apareceu para passar a noite de 31 de dezembro para 1 de janeiro. No primeiro dia do novo ano apanhámos o comboio na estação de Belmonte e fomos até à Guarda. Este pedaço de linha, que esteve desativado durante uns anos valentes, voltou ao ativo no verão e vale a pena.
Em casa, com a sobrinha, não houve tempo para aborrecimento.
As miúdas e o pai juntaram-se a nós no dia 2. Foi um regabofe de brincadeira entre primas.
Passámos a semana de contenção de contactos por lá. Demos um salto à serra.
Entre trabalhos de casa que não tinham sido feitos, jogos e brincadeiras, delas, trabalhos de formação meus, passou-se a semana.
Amanhã regressamos à escola e, pela sondagem que fiz, está tudo sem vontade.
Deve ser desta porcaria de momento em que vivemos, cheio de virus e medidas de contenção.
Vamos esperar que, entretanto, o tempo nos dê algum ânimo.
Foi no segundo ano em que celebrámos o aniversário do pai, no Luso.
Estavam elas e ele a deleitar-se numa piscina em inícios de outubro, quando me lembrei que seria engraçado fazermos um vídeo a desejar bom natal, a malta toda enfiada na piscina.
Definimos uma situação parva, eu meti-me também dentro de água até à cintura e em dois ou três takes tínhamos tudo filmado, com muita gargalhada e tremeliques de frio (meus) à mistura.
No ano seguinte, ainda fizemos umas cenas em que saímos de milheirais (assim uma coisa muito à la Shyamalan) em altos berros, desejando feliz natal, mas acabámos por nos filmar no sofá da sala, cada um com o seu instrumento musical, compondo uma sinfonia estridente e desencontrada, digna de um filme terror.
Este ano, as miúdas amordaçaram-nos e deixaram-nos no chão atados, enquanto se filmaram desejando boas festas e que toda a gente se livrasse dos problemas, tal como elas se tinham livrado dos delas, mostrando os pais no chão.
Tal como o calendário do advento, advogo a realização destes vídeos patetas até ser velhinha.
Deixa cá deixar alguma coisa registada, para dar início ao calendário deste ano, que começou há sete dias.
Ontem fomos à serra (da Estrela) e juntámo-nos às familías inteiras em confinamento e a deslizar pela neve na Torre.
Hoje, fomos, os adultos, à "casa aberta" aqui da terra receber a terceira dose da vacina covid.
Temos malas para fazer e tudo para arrumar, após estas semanas fora de casa, mas eu ainda acalento a esperança/receio de que o regresso às aulas seja online.
Deixo assim a coisa, entre barras, porque é mesmo um misto de esperança e de receio. Por um lado, a perspetiva de não ter de me levantar todos os dias antes das sete da manhã e de não ter de andar de um lado para outro e, por outro, o receio de ter de voltar ao pesadelo do ensino à distância.
Bom ano!
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