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Mais um caixote para atirar para lá a tralha que anda para aqui perdida.
Antes das férias do natal ganhei coragem estupidez e marquei uma sessão de depilação ou epilação qualquer coisa assim, das sobrancelhas, com linha.
Marquei, precisei de coragem, porque quando marco uma coisa não sou de desmarcar ou não aparecer sem dizer água vai, e evitei pensar no assunto. Bola para a frente.
Quando chegou o dia, fui, porque não sou de desmarcar ou não aparecer sem dizer água vai. Fui, às nove da matina, no meu primeiro dia de férias, o que é só mais uma prova de como sou corajosa estúpida.
Dentro do gabinete da raquel, que é assim um sítio espaçoso e claro, agradável à vista, para a malta não pensar naquilo como é na verdade (um espaço de tortura), a mesa marquesa estava pronta para me receber. Não sei bem porquê, porque já tenho idade para saber que nem tudo o que se faz deitado é bom, especialmente numa marquesa de esteticista, fiquei uns segundos feliz pela decisão de ter marcado aquilo. Foram uns breves segundos, porque depois lembrei-me de que, claro, NADA do que se faz numa marquesa de esteticista é agradável. No entanto, deitei-me, minimamente esperaçosa de que fosse minimamente suportável.
Por breves segundo, porque entretanto a raquel mandou-me pediu-me que repuxasse a testa e a cara ao mesmo tempo e sacou da linha. Portanto, aquilo ia ser assim: não só ia ser torturada, como ainda tinha de colaborar diligentemente no ato de tortura sob pena de ficar sem olhos.
Assim que a raquel sacou da primeira puxada de fios quis morrer, eu, não ela. Ela ficou a apreciar o meu misto de susto, incredulidade e dor avassaladora, o choque.
E assim foi, durante uma boa meia hora, talvez mesmo quarenta e cinco minutos: susto, incredulidade e dor avassaladora, não necessariamente pela mesma ordem.
Saí, mais linda, apenas sutilmente mais linda porque ninguém deu pela diferença (só o M.), nem mesmo aquela que um dia disse que eu tinha monocelha e a principal responsável por eu ter ido cometer aquela atrocidade conta mim própria, saí, escrevia eu e pensei: nunca mais, pá! nunca mais.
Agora, mais de um mês depois, olho-me ao espelho e vejo os estupidozinhos dos pelinhos a aparecer, espalhados, pintelhadinhos e penso: vais ser corajosa mais uma vez, estúpida! estúpida! e vais marcar outra sessão. Toma que é para aprenderes!
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