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Mais um caixote para atirar para lá a tralha que anda para aqui perdida.
Na sexta-feira, à noite, acabei o "Descascando a cebola" do Gunter Grass. Andava com ele para trás e para diante desde agosto. Nos entretantos, li uns quantos, mas o Grass andou sempre comigo. Numas noites lia vinte e tal páginas, noutras não conseguia passar além das duas.
Nunca demorei tanto tempo a ler um livro, nem o Guerra e Paz.
Não foi uma leitura tranquila, estive sempre à espera de ler alguma forma de expiação explicíta por parte do homem, por ter sido membro das SS e fui sempre debatendo comigo própria se devia continuar a ler perante a ausência dessa expiação.
Depois, o combate foi entre a Gabriela pessoa e a Gabriela leitora.
A primeira argumentava que na vida vamos-nos deixando levar pelas correntes sem pensar e que esse deixarmo-nos levar nos pode conduzir ao lado errado da "Força", especialmente quando somos novos e cheios das hormonas que nos fazem sentir imortais.
A segunda via o "descascar da cebola" como um ato de expiação.
Não sei se isto assim, sem mais explicações, faz sentido a outras pessoas. Nem sei se daqui a um mês me vai fazer sentido a mim. Creio que quero dizer que a forma como o autor desenrola os acontecimentos dessa altura da sua vida é, de facto, como se desmanchasse uma cebola. Podia ter escolhido outro legume, outra fruta desmanchável, mas só quem já desmanchou cebolas sabe como é difícil fazê-lo.
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