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Mais um caixote para atirar para lá a tralha que anda para aqui perdida.
A disciplina na sala de aula ou a falta dela é um tema constante entre nós, professores. Vinha a pensar nisso (aliás, penso muito nisso) no outro dia numa das minhas viagens entre escolas. Vinha a pensar que, em certas turmas, tenho muitos problemas de disciplina e, claro, na minha cabeça o problema sou eu, que não sei impô-la ou não sei dar aulas de forma a que não seja necessário impô-la. Tive uma orientadora de estágio, da faculdade, que me deixou com a seguinte ideia (que me traumatizou, mas que na minha opinião é uma ideia errada): se o professor for bom, não há lugar à indisciplina, porque o bom professor cria e planifica aulas motivadoras, onde não há espaço para indisciplina. Durante anos esta ideia deu cabo de mim como professora e ainda dá. Todos os dias tenho de me olhar ao espelho e fazer o exercício mental de a desfazer para conseguir ir trabalhar, mas todos os dias me penitencio por não trabalhar mais.
Vinha a remoer esse pensamento, o de que tenho de trabalhar mais, mas depois inverti a coisa: eu não trabalho mais porque quando acaba o meu trabalho na escola eu venho trabalhar na minha casa - dar atenção às filhas e ao marido e à casa em si, o espaço onde moramos. E pensei que se todos nós fizessemos isso (dar mais atenção às nossas pessoas), depois, nas salas de aula, o professor não teria de passar tanto tempo a lidar com indisciplina, porque o básico já tinha sido passado em casa.
Portanto, está tudo invertido. Investimos nos locais errados e nas pessoas erradas, queremos fazer (olhó cliché) casas a começar pelos telhados, sem pensar nos alicerces.
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