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Mais um caixote para atirar para lá a tralha que anda para aqui perdida.
Sonho muitas vezes contigo.
Entraste lá em casa como o Pinto. Para mim, criança com cinco anitos, era um nome estranho. Eras o pintovski, aquele do bigode enroladinho. Aparecias ao serão, bebias um copo com outros que também andavam por lá, como o Baptista e sei que havia mais, mas não me lembro dos nomes.
Passaste a fazer parte das festas de anos, daquelas à moda antiga, sem temas e sem decoração. Só com pessoas, comida e muita conversa para os adultos e brincadeira para as crianças. Lembro-me de uma passagem de ano que foi a loucura. Às tantas da madrugada fomos todos levar-te a casa pela vila acima. Querias porque querias meter-te no teu carro azul, cheio de pinta, acho que era um Datsun, mas não tenho a certeza, querias por tudo ir de carro. Mas os adultos estavam todos bem bebidos, não que eu tivesse consciência disso, e obrigaram-te a ir a pé. Fomos todos.
Depois, tu, que ias ficar para tio, conheceste a minha tia, aquela que também ia ficar para tia, a minha tia preferida, e passaste a tio Pinto. Foi muito fácil essa passagem.
Sonho contigo muitas vezes. Com boina preta, com bigode, sem bigode e de chapéu de palha.
Não sabia que me ia custar tanto pensar que já não existes.
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