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Mais um caixote para atirar para lá a tralha que anda para aqui perdida.
Ao décimo nono dia do mês de abril de 2022, dois anos e picos depois do início da pandemia, os adultos desta casa testaram positivo, com sintomas, ao Covid19.
Nessa noite, a nossa gata deu sinais de morte e deixou-nos de madrugada.
A minha Pata. A nossa Pata.
As bestas também vão de férias. E gostam de espalhar a má criação para onde vão.
Eu quero entrar para o clube dos gatos.
Os peixes desta casa devem pensar que são piranhas. De cada vez que alguém entra na sala, os gajos saltam na água como se nos quisessem apanhar e comer. Ainda bem que não passam de peixes de aquário. Às vezes tenho medo deles.
Tinha o meu gato Preto morrido há algum tempo, em circunstâncias que me são muito dolorosas de lembrar, quando a senhora que fazia limpezas lá em casa chegou um dia com a notícia de que um gatinho bebé tinha sido abandonado na varanda de uma vizinha, umas casas acima.
Curiosa, fui ver. Era uma gatinha preta, esguia e cheia de fome e frio. Peguei nela, sem pensar muito (típico em mim) e levei-a para casa. Não sabia muito bem o que ia fazer com a bicha, mas não queria deixá-la naquela varanda. A tal vizinha, dona da varanda não iria mexer uma palha ou talvez fosse levá-la a outra varanda qualquer da vizinhança e a gatinha acabou por ficar lá por casa.
Chamei-lhe pata, porque era essa a alcunha da vizinha. A pata cresceu, entre casa e a rua, foi esterelizada antes do 1º cio e por lá esteve. Uns meses depois de a "adotar", engravidei da Mr. A pata deitava-se em cima da minha barriga e dava-lhe lambidelas, vinha esperar-me à porta de casa, a minha mãe já sabia que eu estava a chegar, e vinha atrás de mim, pedindo mimo.
Quando a Mr. nasceu, afoguei-me num misto de paixão pela bebé e de um baby blues que me fizeram negligenciar a gata. Em resposta, a pata começou a fazer xixi em cima de tudo o que cheirasse à Mr.
Um ano depois, vim morar para esta casa, pertinho o IC2 e dado o estado de ciumeira doida da pata, decidi deixá-la com os meus pais.
Entre Belmonte e Baltar, a pata foi vivendo. Ainda vive, calma, este texto não é o anúncio da sua morte. Acontece que, com a mudança da casa, os meus pais "devolveram" a gata à dona. E, agora, contrariamente àquilo que sempre anunciei (NÃO QUERO ANIMAIS EM CASA, NÃO QUERO), somos donos de um gato.
A pata está à minha espera quando chego a casa, sente uma mistura de ódio/amor pelas miúdas e pelo M., pede-me para ir para a cama e que lhe abra a torneira do bidé para beber água.
Todos os dias tenho de aspirar a casa e mudar-lhe a areia, mas é muito agradável ouvir-lhe o ronronar assim que a chamo "paataaa"...
Partimos para férias deixando um rasputine às portas da morte. O peixe ora ficava quietinho no fundo do aquário, ora desatava a dar ao rabo e a comer... Não sabíamos se o mandávamos pela sanita, se o deixávamos no aquário, não fosse o gajo recuperar. Quando chegarmos, não vai haver peixe para contar história, os outros vão come-lo, vais ver. Disse eu. O meu marido olhou para mim, encolheu os ombros e murmurou qualquer coisa semelhante a vão lá agora comer o peixe.... Chegamos e não havia peixe para contar a história, nem um bocadinho a boiar... Temos peixes canibais e não sabíamos.
Ontem, estava sentada a preparar aulas quando comecei a ouvir uns ruídos estranhos, nada de muito sonoro, eram uns toques em alguma coisa, uns roçares... eram barulhos novos na minha sala. Olhei para os lados, quieta e muda, baixei ainda mais o som da música que me acompanhava e fiquei alerta. Que pôrra eram aqueles sons?
Eram os estúpidos dos peixes, a baterem nas paredes de vidro do aquário.
Os peixes chegaram no sábado à tarde. O pai foi com elas comprá-los e em vez de dois comprou quatro, um peixe para cada membro da família. O da Mr. é o bubble gum, o da Gr. manteve-se Felini, o meu é o Rasputine, aka Ras e o do pai é o Blackie. Está-se mesmo a ver quem é que anda desesperado por um cão!
Nota: os peixes sobreviveram o resto do fim de semana e o aquário é do mais kitch que pode haver.
Vamos ter um animal de estimação, melhor, dois!
A Gr. já escolheu o nome do seu: Felini (é muito culta, a miúda!)
A Mr. ainda não decidiu.
Já foram avisadas de que os animais democraticamente escolhidos são seres muito sensíveis (o que é sensíveis, perguntou a Gr.) e que poderão morrer muito pouco tempo depois de virem cá para casa.
Saem dois peixinhos para a mesa do canto.
para dizer aos meus pais para deixarem cá ficar a pata.
Tu cala-te, M. porque é a pata, nem te atrevas a tentar meter cá em casa um gato qualquer.
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