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Mais um caixote para atirar para lá a tralha que anda para aqui perdida.
Fiz quarenta e sete na quinta-feira passada.
Hoje, uns miúdos, sabendo que eu tinha feito anos, perguntaram-me "quantos anos fizeste, teacher?" e foram mandando palpites. "vinte e oito!" , "trinta!", "dezasseis!" - são tão totós, benza-os deus.
A resposta que lhes dei foi "digo-vos no fim da aula." Entretanto, esqueci-me e a aula acabou, estes sairam e deram lugar a outra turma.
Quando finalmente saí da sala, para me vir embora, encontro os primeiros a lanchar, que voltam a perguntar afinal quantos anos fizeste. Quando lhes respondi quarenta e sete fizeram um ar de espanto de boca aberta e, assim que me despedi bye bye e virei costas, ouvi-os dizer "ih! que velha!"
quantos faço? acrescento, invariavelmente, um ano a mais àqueles que faço
na minha cabeça faço 47
se ele não está, tenho de fazer contas, coisa que me incomoda, porque já não tenho dedos suficientes para fazer a subtração dos números 2023 e 1977
não gosto do que vejo no espelho: as rugas cujo nome está ligado a galinha (qual é mesmo o nome das rugas à volta dos olhos?), a pele vítima da pôrra da gravidade mais da falta de flexibilidade e mais a pôrra da flacidez, os cabelos cada vez mais brancos...
não gosto disto de não aprender com os erros, de não ser capaz de ir acalmando este meu viver apressado que me dá taquicardias....
Este ano, acho que nunca lá chegarei.
Talvez para o próximo seja diferente.
No sábado passado saí para dançar.
Vou repetir: saí para dançar.
Depois do jantar de anos do paterfamilias (oitenta anos já lá cantam), meti-me no carro e fui ter com as meninas. Disseram-me que não podia dizer isto, as meninas, que tem conotação de trabalhadora do sexo, mas para mim são as meninas, as amigas de sempre, do coração e do fígado, desde os tempos da faculdade (porque tenho outras, no mesmo patamar, de outros contextos).
Fui ter com elas a Matosinhos, de onde seguimos todas num só carro para a baixa do Porto.
Eram cerca das onze da noite e não havia muitos sítios para estacionar. Foi uma aventura!
Depois de devidamente estacionadas, começámos a noite num bar (não me lembro do nome). Nesta altura, a chuva tinha dado tréguas e sentámo-nos tranquilamente a conversar.
Por volta da meia-noite e meia toda eu era sono e cansaço, mas diabos me levavam se deixava que os dois (cansaço e sono) me impedissem de continuar (mentira, se tivesse ido no meu carro acho que me tinha posto na alheta!).
Quando achámos que já não era embaraçoso ir para a discoteca, rumámos ao Tendinha .
Que deixar aqui para memória futura desta parte da noite? o quão estranha me senti, ali, como se estivesse fora de contexto. A faixa etária não era muito diferente da nossa (quarentas... cruzes! ver isto escrito dá um nó no cérebro); a música era do meu gosto (à laia de Antena 3, a minha rádio), mas.... não sei explicar...
sei que tive de fazer um esforço para descomprimir e relaxar, para me soltar e dançar, sem pensar muito em nada.
Quando me permiti relaxar diverti-me, mas não foi um processo fácil. Será que é de não fazer parte dos meus hábitos sair? será que é por estar mais velha?
Às três e tal dei por mim a dançar E a bocejar de sono, ao som de Ornatos Violeta.
Feita cortes, acho que fui eu que dei o mote para irmos embora. Afinal, ainda tínhamos de voltar a Matosinhos e só depois é que seguia cada uma o seu rumo.
A S. já fazia anos e eu falhei a tradição de não lhe telefonar a desejar os parabéns.
Ficou mais ou menos prometida outra saída no próximo aniversário (o meu). Não sei é se aqui a cota de serviço vai ser capaz.
Entrei nos 45 há uma semana. Não estou mal. O dias de sol ajudaram.
O dia de anos em si valeu pela noite. A atividade letiva do dia em causa (segunda-feira passada) foi medíocre.
Às quatro e pouco segui com a mais velha para a cidade e permiti-me começar a celebrar o facto de fazer anos. Mandámos abaixo um crepe e demos umas voltas na catedral do consumo, onde lhe comprei uma t-shirt, desconstruindo a ideia de que é o aniversariante a receber prendas.
Em casa, o marido entregou-se à confeção do jantar e entretanto chegaram o rui e a rita. Petiscámos umas coisas que o marido arranjou e sentámo-nos à mesa. O vinho escolhido pelo marido era bom.
Em amena cavaqueira jantámos. Foi uma cena simples e agradável.
Toda eu, no entanto, anseio por uma festança cheia de gente e comida, de música para ouvir e dançar e de conversas parvas, para me fazer lembrar que apesar dos 45 ainda estou cá para as curvas.
(nota: estou a tentar escrever este post há uma semana. O primeiro parágrafo foi mudado três vezes, à medida que a semana foi avançando.)
Fiz 44 na semana passada, num domingo cinzentão e chuvoso.
De manhã, as meninas juntaram-se e fizeram um bolo bimbólico enquanto tomavam café, na casa da Rita e do Rui e da júlia e do gordon e do miúdo que há-de vir.
Almoçámos aqui em casa, com o Rui, Rita, Júlia e miúdo que há-de vir, uma metade de leitão encomendada pelo M.
Soprámos as velas do bolo bimbólico.
À tarde eu e o M. rumámos a ares mais salgados, onde o sol brilhava: fomos até à praia da polvoeira. Sentámo-nos na areia e o M. pôs o drone a voar. Fui observando as voltas que dava no ar, sob o areal e sob o mar, enquanto sentia o calor do sol a bater-me na cara. Fechei os olhos e voei para Monte Clérigo. Imaginei-me deitada na areia. Foi fácil. Estavam ali reunidos todos os ingredientes.
Regressámos a casa, trouxemos o sol até à Batalha. Quarenta e quatro já cá cantam.
Veio o sol, no meio da chuva. Pôs pozinhos de ouro no teu dia. Parabéns, Guiomar.
A Guiomar faz anos amanhã (já quase podia dizer hoje, porque é quase meia-noite, mas deixem-me saborear mais um bocado a ideia de que ela ainda tem nove anos).
Está tão linda, a minha mais nova. Acha que não vai ter prendas para desembrulhar, mas antes do estado de emergência, ou lá o que é, conseguimos comprar-lhe uma das coisas que ela tinha na lista. A minha filha mais nova faz dez anos em tempos de pandemia. Não tem festa, não tem amigos a cantar-lhe os parabéns, mas tem o pai, a mãe e a irmã, bem de saúde e rijos. E isso deve bastar. Quando fizeres onze fazemos uma grande festa, cheia de balões e confetis. Até podemos lançar foguetes. Mas este ano não, ficamos assim, na nossa sala, os quatro.
Fiz anos na semana passada. O rui e a rita acolheram-nos lá em casa para celebrarmos, baixinho, para não acordar a júlia.
Sinto uma alegria enorme por sermos assim acolhidos e por sorrirem com gosto, quando me passam a bebé para o colo dizendo "vai à tia gabriela". É que nem sei descrever as borboletas que me voam pela barriga.
A Mr. ganhou um prémio do mítico concurso "Uma aventura literária" e no início de junho vai a Lisboa, à feira do livro. É uma mãe babada que deixa este registo para memória futura.
Babada porque foi ela que (obrigou) insistiu com a miúda para ela escrever uma crítica ao livro.
Babada porque a miúda obedeceu e saiu uma coisa jeitosa. Disseram-nos que "quem sai aos seus..."
amanhã faço anos
não tenho a certeza se faço 42 ou 43 e também não quero saber
dizem que os 40 são os novos 30 mas eu estou-me a marimbar
a minha pele está flácida
o meu rabo caído
o cabelo cada vez mais branco
nem me importo muito com isso porque não me olho ao espelho
importa-me a falta de quase toda a vontade de fazer coisas
isso é que me importa
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