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Mais um caixote para atirar para lá a tralha que anda para aqui perdida.
a mais nova começou a usar óculos ontem, dia 1 de novembro de 2022
a oftalmologista ficou espantada
eu fiquei espantada
tem mais graduação que eu
os óculos ficam-lhe bem
Estamos em casa, em modo E@D (porque daqui a uns anos não me vou lembrar: dois colegas testaram positivo para Covid e a turma veio toda para casa no mesmo dia). A mesa da sala é um mundo onde se misturam as cenas dela e as minhas, às quais se vieram juntar as prendas para embrulhar.
O calendário segue, com os percalços do costume.
O que já fizemos, desde a última atualização? nem sei.... um jantar à luz das velas e pouco mais. É a vida a acontecer.
Hoje é dia de comer o nosso chocolate preferido, amanhã de jogar uno.
Siga.
Só quer cenas kawaii, só aceita cenas kawaii, seja lá o que essa m$%3@ é.
Vai dar comigo em doida!
Nas duas semanas anteriores à apresentação da coreografia a miúda andava nervosa. A frase que mais a ouvíamos dizer era: "vou fazer bosta." Assim mesmo, com estas palavras. Vais nada, dizíamos nós, para a tranquilizar. A única apresentação pública em que participou foi na era pré-covid, andou nervosa e no dia não queria ir, cheia de medo e chorosa, acabou por fazer a rotina de forma algo atabalhoada, o que a deixou frustrada.
Não queríamos que voltasse a acontecer.
No dia, ontem (12 de junho de 2021) correu tudo bem, tirando uma coisa ou outra. Era um esquema complicado que incluía um escadote no cimo do qual ela fazia uma série de figuras que me deixaram os cabelos em pé. E a se miúda cai de lá de cima? Não caiu, não foi perfeito, mas para quem começou há pouco mais de um ano e viu os treinos interrompidos pela merda da pandemia até está muito bem.
Foi para lá com o clube bem cedinho, regressou à tarde, muito contente. Os nervos não a atrapalharam. Está uma crescida, esta rapariga.
Estranhos tempos estes.
A miúda mais pequena a verbalizar a estranheza deste "novo normal".
Tomar decisões é coisa para lhe pesar, muito, toneladas. Peso esse que não sabe como aliviar. As vítimas são, regra geral, a mãe, a irmã e uma grande almofada que faz de cabeceira na cama da mãe.
Pega na dita almofada e vai de a sovar, de a atirar ao chão, de se atirar para cima dela, qual lutador de wrestling.
Toda suada, mas ainda lixada da vida, porque não sabe se escolhe A ou se escolhe B, esfrega o corpo no chão, dá abraços que magoam e a deixam sem respirar à mãe e a seguir vai implicar com a irmã.
É difícil escolher, estando sempre a pensar nas perdas que a decisão acarreta em vez de pensar nas vantagens e nos ganhos, mas a miúda recusa-se a ver as coisas deste modo.
a mais miúda entrega-se às artes, é mesmo assim que ela diz, vou para as minhas artes.
das artes dela saem "coisas", obras variadas, artefactos cuja inutilidade eu atesto, mas que ela me impede de deitar fora: podem ser almofadinhas de apertar, pinturas estranhas (há duas semanas desenhou e pintou um olho que à vista armada eu juraria que foi feito por um artista a sério), bonecas e bonecos que recorta e para os quais faz um enxoval completo, que também recorta, pois claro, sapatinhos, cintinhos, vestidinhos, toalhinhas de praia, protetorzinhos solares... não, não posso deitar nada fora.
das artes dela também saem obras literárias. Algumas pessoas dirão que quem sai aos seus não é de genebra. Escreveu uma prosa poética que me deixou babadíssima. Não, não posso partilhar, ou corro o risco de ser precocemente colocada num lar, onde me sujeito a apanhar covid.
para depois ouvir cenas.
- Estás a pentear-te mal.
- Não, não estou.
- Não sei para que é que te penteias. Ficas na mesma descabelada.
Não é giro ela usar a palavra "descabelada"?
Gr. doente em casa. Por volta das seis da tarde pergunto-lhe se quer comer alguma coisa. Anda sem apetite, tadita.
Responde-me que quer canja!
Canja?! está bem, eu faço canja. É preciso aproveitar a onda de apetite, ainda que de canja às seis da tarde.
Entretanto, a irmã chega e prepara o seu lanche.
A gr. entretida a comer a canja que ficou pronta, não lhe liga puto. Mas, de repente: mãe, porque é que a mr. está a comer torradas? é este o jantar dela?
Não, este é o lanche dela. É hora de lanchar, não de jantar!
Então porque é que me deste canja?
A gr. é aquela miúda que, perante a dificuldade em decidir se bebe chá de cidreira, de camomila ou de lúcia-lima, pega em três chávenas e faz três chás diferentes, bebendo deles todos.
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