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Mais um caixote para atirar para lá a tralha que anda para aqui perdida.
Começou quando regressávamos de Lisboa, aquando da minha consulta de ombro na Cuf, só os dois.
Cada um escolheu uma marca de camião, se passar a minha marca posso dar-te uma cacetada, se passar da tua, dás-me tu. Podia ter-nos dado para pior. Não é todos os dias que podemos bater no parceiro e não sermos acusados de vioolência doméstica.
Nessa noite eu fui scania e ele volvo. Ele bateu mais do que levou e agora, em viagens mais ou menos compridas, é o nosso jogo.
Que parvoíce! que grande parvoíce! Só que as parvoíces às vezes fazem-nos chegar a conclusões (igualmente parvas ou que não interessam a ninguém) engraçadas:
1º se pudermos bater no parceiro, só usamos um bocadinho de força se estivermos zangados por algum motivo e vai de aproveitar para descontar, mas não ousamos magoá-lo a sério. Não fomos feitos para isto de andar a espancar parceiros.
2º não havendo razões de queixa latentes, damos uma sacudidela no parceiro e até temos pena.
3º em determinadas zonas do país há mais volvos, noutras mais scanias, noutras mais renaults ou mercedes (eu avisei que as conclusões eram parvas)..
Nunca querem ir a lado nenhum. Os brinquedos, os livros, os jogos no telemóvel do pai, o cartoon network, as panquecas da mãe, a bolonhesa do pai são muito melhores do que idas e saídas aqui e ali.
Nem sempre conseguimos vencer a barreira de obstáculos que elas nos deitam em cima, mas vamos fazendo orelhas moucas. Umas vezes é prazeroso, outras uma valente merda sair com duas miúdas que conseguem passar o passeio todo a ranhosar.
Fomos a Montesinho passar duas noites e não foi automática a decisão de as levarmos. Mas foram, fomos todos. E, durante esses dois dias, passados metidos num carro, em estradas cheias de curvas e chuva, metidos num bungalow no meio do nada, eu só pensava: estas miúdas são um espanto! Não houve birras, não houve porrada. Houve passeios, com chuva e vento e frio, posta e batata frita, mas também atum e esparguete, filmes no computador, vento lá fora e até trovoada, houve calor da salamandra, mimo e muita calma. Houve família.
Foi muito giro observar a atitude das miúdas na "grande cidade". Sempre a cirandar pelo meios dos adultos e do cão, não queriam nada com mãos dadas, em filinha indiana nos passeios estreitinhos e cheios de andaimes, a descer São Pedro de Alcântara como se vivessem ali e fôssemos só à loja da esquina comprar pão.
Na relva na zona de Belém a correr despreocupadas, mirando o Tejo e a outra banda, atrás do gordon.
No Parque das nações cheias de perguntas sobre o porquê de haver tantas pessoas de outros países, "tantas pessoas cor de chocolate! dizia a Gr. "E tantos chineses!" dizia a Mr.
A exposição foi, afinal, o que menos impacto causou. Ver uma série de artefactos replicados, dispostos com explicações pouco explicativas foi uma merda e um valente mau investimento.
Depois de uma noite pouco dormida, levámos o gordon a passear e fomos procurar um sítio onde se vendesse pão. Encontrámos uma padaria do bairro e levámos mantimentos para os gajos e para nós.
Consta que foi um pequeno-almoço memorável: iogurtes líquidos, leite achocolatado, croissants de chocolate, pães de deus e fruta.
Consta que foi memorável: "a minha parte preferida, eu não sei explicar porquê, foi o pequeno-almoço."
O plano para o dia incluía o miradouro mais perto, afinal andávamos de mochila às costas, Belém com pastéis e o motivo principal da nossa ida a Lisboa: a exposição sobre a descoberta do túmulo de Tutankamon.
Passámos a noite de 24 para 25 em Lisboa, com a rita, o rui e o gordon. Reservámos um pequeno apartamento no Bairro Alto.
Nota mental: nunca mais, exeto se quisermos ir beber uns copos até às tantas. Tive muita pena dos moradores da zona, que todas as noites têm de aguentar urros e gente a berrar em várias línguas até de madrugada. Será que é como morar ao pé da linha do comboio? A certa altura deixas de ouvir?
Tenho de dar os parabéns ao fotógrafo que tirou as fotografias do apartamento. Fez de cada divisão um esplendor de espaço e decoração, à conta dos enquadramentos e dos ângulos que usou para fotografar aquele nico quadrado de casa.
Mais a seguir, por volta das nove, que diz que as nove da noite são o prime time nos blogs e quero testar a teoria.
Sempre quis saber o que sentiam os moradores do Bairro Alto. Coitados....
Deixámos o último dia na ilha da Madeira para o Funchal. Já aqui falei das primeiras impressões que a chegada à cidade me provocou (isto vai tudo cair por aqui abaixo, este pessoal é maluco por viver aqui, nestas casinhas equilibradas em pedacinhos de terreno assente em rochas com metros e metros de altura, estas senhoras não devem ter celulite, mas isto só sobe e desce, ainda bem que não tive de tirar a carta de condução aqui, não deve haver muitos dentistas cá na terra... eram pensamentos que o meu cérebro ia debitando, uns mais parvos do que outros).
Na manhã desse último dia fomos com mais calma ao Mercado dos Lavradores, onde o M. fez fotografias cheias de cor e onde nos queriam impingir fruta a 20 euros/kg!!
Depois fomos à descoberta da cidade. Perdemo-nos um bom bocado no Parque de Santa Catarina, um jardim muito grande com diferentes níveis de altura, árvores monumentais, flora de vários cantos do mundo, um lago e uma zona relvada onde não me deitei porque não estava assim tão cansada. Na zona mais alta vê-se toda a baía do Funchal até à ponta do Garajau.
As ruas da parte baixa da cidade não são nada de especial, são ruas típicas de uma cidade.
Das zonas mais altas, o que me fica na memória é o cruzamento intrincado de ruas e ruelas, escadas íngrimes, apertadinhas, a mistura de grandes vivendas e casinhas pequeninas, mal arranjadas... os impasses (becos sem saída) onde parecia impossível fazer inversão de marcha...
De tarde, rumámos ao Jardim Botânico. O dia estava agora farrusco, aquele farrusco que deprime e chegou a chover, nada que nos obrigasse a fugir para debaixo de telha. O Botânico é bonito, mas confesso que não sou grande apreciadora de espaços deste género, especialmente se tenho de pagar e se recusam a passar recibo. Mais um sítio onde o M. se fartou de fotografar.
Quando saímos do jardim sentámo-nos no "nosso" carro e olhámos um para o outro "e agora? vimos tudo... que fazemos com o resto da tarde?" Seriam umas quatro horas.
Saquei do telemóvel e googlei "sítios a não perder na ilha da madeira".
Fomos fazendo check atrás de check, até chegarmos ao Paul da Serra, uma zona de planalto.
Alto lá! A Madeira tem um planalto?
Vamos embora!
Por volta das 5 da tarde estávamos literalmente acima das nuvens. De facto, a Madeira tem um planalto, mas as condições atmosféricas não nos deixaram usufruir dele. O frio e chuva miudinha foram-nos acompanhando e obrigando a prosseguir viagem.
Apesar de tudo, foi a caminho do planalto que vimos no interior da ilha as paisagens mais bonitas.
No regresso, voltámos a perder a taberna da poncha, mas conseguimos ir ver o Miradouro das Achadas de Cruz e o da Garganta Funda (o melhor de todos! :P). Todos os miradouros são magníficos, quer à beira mar, quer os do interior, mas este último, talvez pela hora a que lá chegámos ficou-nos marcado.
Parámos o carro no fim da estrada alcatroada estava o sol a pôr-se. O vento era gelado e o céu tinha farripas de laranja e cinzento. Fomos seguindo as indicações para o Garganta Funda a pé. Um carreirinho de terra batida, serpenteando entre casinhas de aldeia, até chegarmos a uma escarpa.
E não há fotografias que façam jus ao que vimos. Foi a primeira vez que o senhor meu marido sentiu frio (estavam 5 graus e o gajo de t-shirt).
Nessa noite fomos novamente ao Santo António (palermas, porque não foram experimentar o Vides? porque estávamos cansados, cheios de fome e no santo antónio já sabiamos com que que poderíamos contar)
Quase todos os dias damos um pulo ao edreams. Gostávamos de fazer uma viagem os quatro. Impossível! Como é que as famílias viajam? O que nos está a falhar?
Nesse dia, depois de um almoço engolido num banco no cabo Girão (eu comi pão de beterraba), fomos até Porto Moniz, passando primeiro pela Calheta - ou deveria dizer por Calheta? ;). O tempo estava farrusco, mas a temperatura amena e havia gente a praiar. Bebemos a nossa primeira poncha tradicional. Porquê só agora? Porque não estávamos muito convencidos com essa coisa. Só tínhamos provado poncha engarrafada, da que se vende no aeroporto e aquilo não nos agradou. Resolvemos dar-lhe uma hipótese na Calheta - em Calheta - porque não nos apetecia café e a mim apetecia fazer um bocadinho de sala, ali.
Era agradável e, como se pode ver pela fotografia, o M. despachou a dele primeiro.
A caminho de Porto Moniz fizemos uma paragem em Madalena do mar. Queríamos despachar mais uma poncha, mas a avenida em frente ao mar estava interrompida para fazerem passar o desfile de carnaval, por isso demos uma volta e metemo-nos no carro.
Porto Moniz não ficará especialmente na memória. O dia continuava farrusco, as piscinas naturais eram umas poças de água fria e havia meninas em fatos de carnaval brasileiro. Too much cellulite!!!
Ficam na memória e na retina as paisagens para lá chegar. Já nos tinham dito que essa costa era mais bonita e de facto é assombrosa.
Porto Moniz ou o respeito pela sinalética.
No regresso ao Funchal (nós já dizíamos casa) passámos por Serra d'água e por uma taberna. Dei por mim a gritar "é ali, é ali que temos de ir abastecer de poncha! Carago, é ali" enquanto a Taberna da Poncha da Serra ia ficando para trás.
Frustrados porque já era tarde e convinha decidir onde seria o jantar, parámos no primeiro sítio onde foi possível. Abre aí os comentários do blog, verifica as dicas que te deram. E graças a essas dicas jantámos o melhor jantar na nossa estada na Madeira. Fomos ao Santo António, no Estreito de Câmara de Lobos e enchemos mesmo a pança com milho frito, espetadas e batata frita e bolo do caco e, tumbas, mais uma poncha para ajudar à digestão. Gostámos tanto que no dia seguinte estávamos lá batidos para jantar outra vez, tudo igual, desta vez acompanhados por uma Coral.
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