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Mais um caixote para atirar para lá a tralha que anda para aqui perdida.
As doenças sexualmente transmissíveis são assim chamadas - transmissíveis - porque passam, única e exclusivamente, entre as mulheres. Não há homem que as tenha e que, por via de as ter, as passe às mulheres.
As gravidezes, já agora, são também da responsabilidade exclusiva da mulher, que circula pela vida a recolher esperma alheio, à revelia do macho.
Senhor Doutor médico de família, ensine as suas doentes a controlarem os ímpetos sexuais e a não angravidarem. Ou então, deixe-se lá disso de permitir IVGs só porque a paciente "pede". Continue também a não solicitar exames de diagnóstico de problemas provocados por relações sexuais desprotegidas. Assim, as possíveis doenças sexualmente transmissíveis não aparecem nas suas fichas, a sua reputação (do sr. dr.) não é manchada.
Em relação aos seus doentes machos, deixe-os lá andar livres e soltos. Afinal isto das consultas de planeamento familiar é só para mulheres. Os homens não planeiam nada, a gente já sabe. Boys will be boys, não é?
Escrever "lembro-me como se fosse hoje" não seria verdade, mas lembro-me bem de chegar a casa deles e vê-la, recém mamã, enfiada num par de velhas calças de fato de treino e uma sweat estragada, manchada de lixívia.
Sentámo-nos no sofá, com o bebé entre nós, e fomos pondo a conversa em dia. Eu estava muito longe de vir a ser mãe, acho até que ainda estava na faculdade, não sabia nada de nada.
Lembro-me de olhar para ela e pensar que nada justificava aquele desmazelo.
Lembro-me muitas vezes deles e dela especialmente. Como eu não sabia nada de nada.
Lembro-me muitas vezes dela, especialmente em dias como hoje, enfiada num par de calças de ioga e numa sweat da pantera cor de rosa. Ela tinha acabado de ser mãe. Eu não tenho "desculpa" parecida.
Talvez o modo covid, mas será que este justifica o desmazelo?
Ao décimo nono dia do mês de abril de 2022, dois anos e picos depois do início da pandemia, os adultos desta casa testaram positivo, com sintomas, ao Covid19.
Nessa noite, a nossa gata deu sinais de morte e deixou-nos de madrugada.
A minha Pata. A nossa Pata.
A adolescência dos nossos filhos é um veneno que os pais vão tomando em doses homeopáticas. Eventualmente, eles crescem e deixam de o despejar no café ou nas bebidas e o que houver no sangue é excretado.
Para já, sinto-o nos meus poros todos.
Há umas semanas, voltámos (o grupo de teatro do qual faço parte) aos palcos.
O Marco perguntou-me há quanto tempo eu não me sentia feliz e eu fui capaz, sem sombra de dúvidas, de responder que me senti muito feliz no palco no fim de semana em que regressámos. Tanto, que desisti de desistir do grupo.
O meu cabelo está cada vez mais branco. Os meus cabelos brancos não me incomodam por serem brancos. Incomoda-me o serem parvos, com uma estrutura completamente diferente dos outros que ainda não embranqueceram. Não são lisos, mas também não são ondulados. Fazem da minha cabeleira uma coisa estranha. O meu cabelo anda a contribuir, em parte, para o meu estado atual de estar um bocado na merda. É absolutamente "redículo", eu sei, um problema de primeiro mundo e de um mundo onde não temos de nos esconder em bunkers para nos safarmos de uma bomba, eu sei.
Meio sistema de ensino está em pausa letiva mas nós em semestre, o que significa que pausas não são para nós. Pessoalmente, não tenho nada de bom a dizer disto da semestralidade. Nunca estive tão cansada e, provavelmente, tão ranzinza.
Está esclarecida a minha ausência do caixote, nem eu me aguento.
Eu: pingo no nariz, dor de cabeça, umas vezes leve, outras mais chata, às vezes o corpo pesado, arrepios de frio... mas os testes feitos em casa continuam a dar negativo.
A mais nova: dores de barriga pela manhã, dores de garganta à noite... mas os testes feitos em casa continuam a dar negativo.
Ele: dores de cabeça, cansaço...mas os testes feitos em casa continuam a dar negativo.
Nunca chumbámos tanto, com a impressão contínua de que o professor se está a enganar na correção do teste.
Amanhã vou levar o material para análise ao professor antigéneo, que ao contrário do que o nome indica, deve ser mais inteligente do que o outro.
Este ano letivo terminámos as aulas a 22 de dezembro (por estarmos em semestres). No dia 23 fomos para o norte. Arrumámos malas e malotes, enchemos o carro e saímos.
Tivemos tempo para ir dar umas prenditas e por volta das seis da tarde já trocávamos os bs pelos vs.
O Natal foi passado na casa da avó paterna, com o costumeiro bacalhau cozido com batatas e o cabrito assado.
No dia 26 fizemos outro natal com os tios e a sobrinha. No dia seguinte, fomos em excursão a Braga, comer aquela que dizem ser a melhor francesinha.
No dia 29 deixei marido e miúdas e rumei às beiras, com os meus pais. Li muito, dei umas voltas a pé, aqueci os pés à lareira.
A sobrinha apareceu para passar a noite de 31 de dezembro para 1 de janeiro. No primeiro dia do novo ano apanhámos o comboio na estação de Belmonte e fomos até à Guarda. Este pedaço de linha, que esteve desativado durante uns anos valentes, voltou ao ativo no verão e vale a pena.
Em casa, com a sobrinha, não houve tempo para aborrecimento.
As miúdas e o pai juntaram-se a nós no dia 2. Foi um regabofe de brincadeira entre primas.
Passámos a semana de contenção de contactos por lá. Demos um salto à serra.
Entre trabalhos de casa que não tinham sido feitos, jogos e brincadeiras, delas, trabalhos de formação meus, passou-se a semana.
Amanhã regressamos à escola e, pela sondagem que fiz, está tudo sem vontade.
Deve ser desta porcaria de momento em que vivemos, cheio de virus e medidas de contenção.
Vamos esperar que, entretanto, o tempo nos dê algum ânimo.
Foi no segundo ano em que celebrámos o aniversário do pai, no Luso.
Estavam elas e ele a deleitar-se numa piscina em inícios de outubro, quando me lembrei que seria engraçado fazermos um vídeo a desejar bom natal, a malta toda enfiada na piscina.
Definimos uma situação parva, eu meti-me também dentro de água até à cintura e em dois ou três takes tínhamos tudo filmado, com muita gargalhada e tremeliques de frio (meus) à mistura.
No ano seguinte, ainda fizemos umas cenas em que saímos de milheirais (assim uma coisa muito à la Shyamalan) em altos berros, desejando feliz natal, mas acabámos por nos filmar no sofá da sala, cada um com o seu instrumento musical, compondo uma sinfonia estridente e desencontrada, digna de um filme terror.
Este ano, as miúdas amordaçaram-nos e deixaram-nos no chão atados, enquanto se filmaram desejando boas festas e que toda a gente se livrasse dos problemas, tal como elas se tinham livrado dos delas, mostrando os pais no chão.
Tal como o calendário do advento, advogo a realização destes vídeos patetas até ser velhinha.
Deixa cá deixar alguma coisa registada, para dar início ao calendário deste ano, que começou há sete dias.
Ontem fomos à serra (da Estrela) e juntámo-nos às familías inteiras em confinamento e a deslizar pela neve na Torre.
Hoje, fomos, os adultos, à "casa aberta" aqui da terra receber a terceira dose da vacina covid.
Temos malas para fazer e tudo para arrumar, após estas semanas fora de casa, mas eu ainda acalento a esperança/receio de que o regresso às aulas seja online.
Deixo assim a coisa, entre barras, porque é mesmo um misto de esperança e de receio. Por um lado, a perspetiva de não ter de me levantar todos os dias antes das sete da manhã e de não ter de andar de um lado para outro e, por outro, o receio de ter de voltar ao pesadelo do ensino à distância.
Bom ano!
Para onde foste, 2021, que quase não te vi passar?
Vejo chegar os teus últimos dias pelas beiras, na casa paterna, com sol a rodos e flocos de neve suja - as ovelhas- nas terras verdes.
Estou bem, embora com um vazio relativo, dada a ausência das filhas. Mais uma vez se confirma que sou uma besta: deixei-as e vim curtir a lareira mais os livros que trouxe.
As divindades hão-de me perdoar se após estes dias me revelar uma mãe mais calma e recetiva.
A mais velha conseguiu a proeza de ficar em isolamento provisório duas vezes no mesmo mês, uma vez à conta dela, desta vez à conta de um caso positivo na turma.
O pai esteve em casa quatro dias, à conta dele e de uma rinite marada que lhe deu metade dos sintomas do covid
Eu e a Guiomar vamo-nos safando, pelos pingos da chuva.
Estamos, a partir da próxima semana, em estado de calamidade. Vamos ver o que os próximos dias nos trazem para além do expectável.
Beijinhos a todos.
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